Pesquisa realizada pelo Instituto Ampla revelou que 69,36% dos cearenses tiveram suas rendas familiares afetadas por conta da pandemia da Covid-19. Entre os atingidos, 64,01% têm como renda familiar apenas um salário mínimo por mês.
O levantamento contou com 2.207 entrevistas realizadas em 70 municípios do Ceará, entre 5 a 10 de junho de 2021.
Além disso, 52,59% afirmaram que alguém da família foi beneficiado ou incluído pela empresa em que trabalha em algum benefício do Governo durante a pandemia.
Entre os entrevistados, a maioria declarou ter como ocupação ‘Dona de Casa’, correspondendo a 18,55% da amostra. Em seguida, tem-se os ‘Trabalhadores em emprego com carteira assinada’ (13,81%) e ‘Autônomo - Serviço’ (13,76%). Além disso, 8,88% declararam estar desempregado há mais de um ano.
O coordenador geral da pesquisa, Agliberto Ribeiro, explica que, desde março do ano passado, o Instituto Ampla vem analisando os dados secundários do avanço da Covid-19 no Ceará, divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
“Com base nisso, começamos a fazer várias análises desde a questão da previsão dos picos das ondas, mas o objetivo era realizar uma pesquisa quantitativa entrevistando o maior número de pessoas seguindo um plano amostral”, detalha.
Estratificação por renda
De acordo com o levantamento, mais da metade da população vive com até um até salário mínimo por mês (62,75%), cotado atualmente em R$ 1.100. Enquanto 23,43% disseram viver com até dois salários.
Considerando apenas o grupo que ganha até R$ 1.100 mensalmente, 70,7% afirmaram que a renda foi afetada durante a pandemia. O que, segundo Ribeiro, é um índice bastante expressivo. “Na estatística, quando você tem um dado variável acima de 70% considera-se que houve um impacto grosseiro”.
O alto impacto na renda do cearense também é identificado entre aqueles que ganham de um a dois salários (69,68%) e de dois a cinco salários (63,76%).
Estratificando o dado por região cearense, entre os entrevistados do Centro-Sul, 68,66% responderam ‘sim’ para o impacto da renda; os do Jaguaribe, 61,86%; os da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), 71,37%; os do Noroeste, 71,65%; os do Norte, 69,39%; os dos Sertões, 64,16%; e os do Sul, 65,41%.
Metodologia aplicada
Para realizar a pesquisa, o coordenador pontua que foi necessário, em primeiro lugar, analisar o perfil populacional e, então, fazer amostras divididas em macrorregiões para atender aos objetivos delimitados.
“Nós queríamos ter um estudo com dados primários, tendo uma representatividade total do estado do Ceará pra descobrir esse impacto, bem como outros comportamentos e hábitos da população com relação à pandemia”.
Segundo Ribeiro, a pesquisa ganha ainda mais relevância ao apresentar para a sociedade e as autoridades dados credíveis. “Um dos nossos objetivos era fazer com que as pessoas se municiem de informações para além do número de mortos e contaminados, de modo a auxiliar que medidas possam ser tomadas para beneficiar essa população”, acrescenta.