Em Fortaleza, um almoço de menu executivo na área nobre da cidade custa em média R$ 22, de acordo com dados cedidos por usuários à plataforma Expartisan. Em São Paulo, essa mesma refeição custa em média R$ 33.
Apesar de o salário mínimo ser padrão para todo o país, dependendo de onde se mora esse valor pode valer mais ou menos. O preço de produtos e serviços costuma ter variações consideráveis entre as cidades, o que altera substancialmente o custo de vida.
Conforme dados da Expartisan, Fortaleza tem o 10º custo de vida mais barato do País. Comparando entre os estados nordestinos, o preço para se viver é o 5º mais caro da Região, atrás de Salvador, Recife, São Luís e Natal.
Conforme o economista e professor programa de mestrado e doutorado da administração e controladoria da UFC, Érico Veras Marques, o principal fator que faz com que o custo de vida de uma cidade seja maior ou menor é a renda média da população. Fatores logísticos e tributários também podem influenciar nessa conta.
No geral, cidades no Norte e Nordeste tendem a ter um custo de vida mais barato – reflexo, também, do valor médio ganho. Em contraponto, como a região Sudeste acumula um maior número de empregos qualificados, os produtos e serviços tendem a ser mais caros.
Qual o custo de vida das capitais?
Aracaju (SE) é a capital brasileira com o menor custo de vida. Lá, uma pessoa sozinha precisaria ganhar R$ 3.165 para arcar com custos como moradia, alimentação e transporte de forma confortável.
Em contraponto, o lugar mais caro para se morar é São Paulo, a maior metrópole do país. Morando sozinha, uma mesma pessoa precisaria desembolsar R$ 5.800 para o mesmo padrão de vida da cidade nordestina.
As simulações foram feitas com base no Expartisan, plataforma que reúne dados de usuários com relação ao custo de diversos itens no mundo inteiro. Boa Vista (RR) não foi considerada no levantamento feito pelo Diário do Nordeste por não haver dados suficientes disponíveis.
Confira:
Poder aquisitivo
Érico Veras explica que o poder aquisitivo dos moradores molda o custo de vida da cidade. Da mesma forma, as empresas da região precisam pagar mais para conseguir empregar na região, em um ciclo que se retroalimenta.
O salário é mínimo, mas tem os pisos das categorias. Se você for contratar uma diarista em São Paulo, o preço é bem diferente de Fortaleza. O salário mínimo é o mínimo, raramente você vai conseguir contratar alguém só por ele em São Paulo
A maior vinda de pessoas de outras localidades também pode afetar o custo de vida, como no caso de cidades turísticas ou universitárias.
Mesmo dentro de uma mesma cidade, o custo de vida costuma mudar a depender da região. “Fortaleza tem uma série de produtos e serviços que se você for consumir no Meireles ou na periferia tem uma diferença do preço”, exemplifica.
Além da renda média
O economista e pesquisador do FGV IBRE, Matheus Façanha, elenca diferentes fatores que podem influenciar no custo de vida de um local.
- Proximidade de plantas produtoras de bens industriais mais consumidos no local
- Condições logísticas de escoamento da produção de produtos até o mercado consumidor
- Quantidade ofertante de serviços
- Estrutura tributária, que pode atrair mais oportunidades de emprego para um município
- Especulação imobiliária em locais específicos
- Características culturais que levem ao maior consumo de alguns bens “supérfluos”, como lazer
O especialista atenta que a desigualdade costuma ser maior em cidades que possuem um custo de vida mais elevado, levando a formações de periferias às margens.
“Esses lugares com custo de vida mais elevado acabam gerando uma periferia muito mais desigual do que os locais com concentração de renda maior. Essa é um pouco a dinâmica do desenvolvimento econômico no nosso sistema, tem uma lógica de atrais recursos para o centro e a periferia fica muito mais desigual”, diz.