A Petrobras conseguiu acordar com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um novo prazo para a venda de alguns ativos da empresa, incluindo a refinaria de lubrificantes no Ceará, a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).
A partir de agora, a estatal tem até o fim de outubro para, a partir de um "trabalho mais dirigido", negociar o empreendimento com potenciais compradores.
Os planos da Petrobras incluem as vendas da Lubnor, Refinaria Alberto Pasqualini (Refap, no Rio Grande do Sul), Unidade de Industrialização do Xisto (SIX, no Paraná), Refinaria Gabriel Passos (Regap, em Minas Gerais) e Refinaria Abreu e Lima (Rnest, em Pernambuco), em um prazo até 30 de outubro.
A lista ainda inclui a venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar, no Paraná) até 31 de dezembro.
A grande questão, no entanto, segundo o consultor da área de petróleo e gás, Bruno Iughetti: a Petrobras não teve propostas interessadas na compra dos ativos no último prazo estabelecido, que acabou no sábado, 31 de julho.
A partir de agora, a estatal deverá executar um "trabalho mais dirigido", de acordo com o consultor, para conseguir vender as refinarias, incluindo a Lubnor.
"Realmente, a empresa não confirma nenhum tipo de contato no sentido de propostas de aquisição da Lubnor, tanto que o prazo para a venda era julho e deu deserto o nível de consulta, não deu ninguém", disse.
"Eles (Petrobras) esperam que um trabalho mais dirigido, agora, possa despertar interesse de algum grupo", completou Iughetti.
Potencial da operação
Segundo Iughetti, a compra da Lubnor pode gerar bons resultados à empresa compradora, pois a refinaria no Ceará já produz cerca de 10% de todo o asfalto no País e ainda é a "única empresa no Brasil que produz óleos básicos naftênicos".
Existem vários aspectos que tornam a Lubnor atrativa. É a única empresa no Brasil que produz óleos básicos naftênicos, então já temos um fato importante. E ela é responsável por 10% de asfalto no Brasil, ou seja, ela tem um bom cenário para uma iniciativa privada comprar a refinaria. O portfólio já é suficiente para atrair compradores", disse.
Impactos para a Petrobrás
O consultor ainda projetou que a venda da refinaria poderá gerar impactos positivos para a própria Petrobrás, que estará "mais livre" para investir em projetos relacionados à exploração de petróleo e ao pré-sal.
"A venda da Lubnor será muito positiva para a Petrobras na política de recuperação de ativos para investir no pré-sal. A empresa está vendendo ativos que não signifiquem essa atividade-fim. Agora para um mercado como um todo a gente só pode esperar melhoria", disse.
Há ainda a expectativa de que a empresa que comprar a Lubnor possa fazer investimentos para manter ou aumentar os níveis de produção do empreendimento, o que poderia ser favorável para manter a mão de obra empregada no local, sem gerar perdas de empregos no mercado cearense.
Não há com que se preocupar porque não deve haver descontinuidade de produção. A empresa que comprar a Lubnor deve continuar produzindo e os funcionários devem se manter nos postos de trabalho", projetou.
Impactos da pandemia
Para o consultor, além do esforço mais direcionado para a venda, a recuperação da economia global durante a pandemia do novo coronavírus pode ser um fator positivo para o surgimento de interessados na compra dos ativos da Petrobrás.
Segundo ele, a falta de investidores no primeiro prazo também tem relação com o baixo nível de atividade econômica mundial, que gerou incertezas para investidores estrangeiros no Brasil e no restante do mundo.
"Eu acredito que tivemos efeitos da pandemia não só no Brasil e também no exterior, tanto que agora estamos vendo o retorno de investimentos e a economia está atraindo investidores estrangeiros", explicou.
Resposta
Procurada para comentar sobre o assunto, a Petrobrás não respondeu às perguntas da reportagem.