Estado tem 12 bloqueios em rodovias

Escrito por
Nícolas Paulino - Repórter producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 01:01)

No oitavo dia de paralisação nacional de caminhoneiros, os bloqueios da categoria continuaram do Km 17 ao Km 19 da BR-116, a rodovia Santos Dumont, num trecho que corta o município de Itaitinga. No sentido Fortaleza-Itaitinga, dezenas de veículos ocupavam apenas o acostamento. Já no sentido contrário, eles tomavam também uma faixa da pista, gerando um longo congestionamento. Segundo os caminhoneiros, houve manifestações ainda na BR-222, em Caucaia; em Choró e na Avenida Maestro Lisboa, e não existe previsão de encerramento das manifestações.

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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, na noite de ontem, que foram liberados 29 pontos de bloqueio no Estado, mas que 12 permaneciam. Já o Governo do Estado e a Prefeitura continuam em trabalho conjunto par a garantir funcionamento de serviços públicos e, desde o início da paralisação até o meio-dia de ontem, 210 escoltas a caminhões-tanque tinham sido feitas para abastecer postos, aeroportos e ônibus da Capital.

Vans

Os motoristas de vans de transporte alternativo realizaram uma carreata na mesma rodovia protestando contra o valor dos combustíveis na manhã de ontem. Cerca de 30 veículos da Cooperativa dos Motoristas de Transporte Alternativo de Pacajus (Cotralp), da Cooperativa dos Transportes Alternativo do Município de Horizonte (Cootamh), da Cooperativa de Transporte Alternativo Complementar de Horizonte (Cootache) e da Cooperativa dos Transportes Alternativos do Município de Itaitinga (Cotrami) participaram do protesto. Nos pára-brisas, os veículos traziam a frase #somostodoscaminhoneiros.

Outro recado, exposto em diversos banners e adesivos, diz "Intervenção militar já". No protesto, alguns caminhoneiros também balançavam a bandeira do Brasil e tocavam o hino nacional em carros de som.

Ajuda a caminhoneiros

Apesar do tráfego mais lento, outros motoristas demonstraram sinais de apoio ao movimento dos caminhoneiros, através de buzinaços, gritos, recados e doações de garrafas d'água ou de sacos de alimento, como bolachas e pão. "De fome e sede a gente não morre não", disse o caminhoneiro Gilson Cardoso. Muitos deles também dormem nas cabines ou nos compartimentos de carga dos veículos, em colchões ou redes. Com tanta gente reunida, grandes sacos de lixo se acumulam às margens da rodovia.

Os produtos nos carros parados são variados: há frutas, carnes, água, cerveja e tijolos, por exemplo. Na pista, os caminhoneiros somente deixam seguir viagem os carros de passeio, ambulâncias e veículos com cargas vivas, medicamentos e insumos hospitalares, como oxigênio. Segundo eles, dia a dia, novos grevistas aderem ao "acampamento" voluntariamente. "Se não mudar o trem, entra o resto da semana. Essa redução que ele deu, de R$ 0,46, não tem condição. Tem que baixar o diesel pra R$ 3,00", comentou um deles, que preferiu o anonimato.

Oração

O movimento no trecho teve ainda uma missa organizada pela Paróquia Santo Antônio, de Itaitinga. No sermão, o padre Júlio César destacou a atuação dos grevistas e cobrou respostas eficazes do poder público. "Esta mobilização não é só dos caminhoneiros, mas é importante para todos nós que enfrentamos essas calamidades. Obrigado, caminhoneiros e caminhoneiras, porque vocês tomaram essa decisão e fizeram o que todo brasileiro queria fazer. Nós estamos juntos", disse, entre aplausos.

"Agora estão vendo a força que os caminhoneiros têm", disse o caminhoneiro Ricardo Mota, que já está há uma semana acampando no local. Durante a manhã, uma viatura da PRF percorreu a movimentação no local, mas não realizou abordagem. O trânsito seguia sem complicações, embora lento. O Governo do Estado informou que "o efetivo reforçado da Polícia Rodoviária Estadual acompanha o movimento nas estradas cearenses, que não apresentam obstruções nas CEs, no momento".