Copenhague (Dinamarca). Mais um passo foi dado para que o Ceará possa vir a receber uma segunda planta industrial da companhia dinamarquesa Vestas, maior fabricante de turbinas eólicas do mundo.
A empresa apresentou nessa sexta-feira (5) ao secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, condições necessárias para que o grupo, já experiente no setor offshore, entre nesse mercado no País.
O caminho até lá, porém, ainda é longo. E conforme apontado pelos executivos à comitiva cearense, o próximo passo é a regulamentação da produção offshore no País, que o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque prometeu entregar até o fim de 2021.
“Essa é uma expectativa do mercado, dos estados e dos investidores que o Governo Federal a publique até 31 de dezembro”, aponta o secretário.
Maia explica que a regulamentação, seguida pelo lançamento de leilões de compra de energia provenientes da produção offshore, são a estrutura inicial necessária para o mercado se estabelecer no País.
“Daí, parte-se para a implantação de projetos de fabricação de estruturas e componentes da cadeia de offshore e logo depois, a indústria, com os projetos de produção de energia”.
Mas diferentemente do onshore, os agentes econômicos do Ceará também precisam trabalhar fortemente a infraestrutura portuária para garantir a capacidade de movimentar os equipamentos da cadeia offshore, cujas pás, torres e turbinas são bem maiores.
Para isso, o Estado articula visitas de equipes técnicas do Porto do Pecém e do Porto de Roterdã ao porto de Esbjerg, na Dinamarca, referência para o nicho offshore.
Desenvolvimento da cadeia deverá levar anos
Mercado incipiente no País, mesmo que hoje já existisse a regulamentação offshore, ainda seriam necessários cerca de sete anos para dar início à produção.
A estimativa, segundo Maia, é da própria Vestas. “Tem que ter tempo, desenvolvimento, antes de as coisas acontecerem. Trabalhamos hoje aqui o que pode acontecer no Ceará nos próximos sete anos”, destaca.
Se será no Estado, porém, ainda não é certo.
“Eles têm todo o interesse em continuar a parceria, não posso garantir que (a planta será construída no) Ceará, porque ainda tem muito caminho para a gente prosseguir. Mas colocamos muitas discussões sobre as condições para eles poderem finalizar os estudos e (identificar) o momento certo para uma segunda planta industrial no Ceará”.
Mas a empresa, que já tem há mais de cinco anos uma fábrica em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), disse estar bastante satisfeita com o desempenho do mercado na região.
A reportagem ainda apurou que a produção da unidade até metade do ano de 2023 já foi completamente vendida (e produção a pleno vapor, em três turnos).
Além do secretário Maia, formam a comitiva cearense Roseane Medeiros, secretária executiva para a Indústria da Sedet e o advogado Bernardo Viana, diretor setorial de Regulação do Sindicato das Indústrias de Energia do Ceará (Sindienergia-CE).
A agenda de reuniões, que incluiu entidades públicas, empresas e fundos de investimento na Dinamarca, foi articulada pela Embaixada do Brasil em Copenhague.
*A jornalista acompanhou a visita da comitiva cearense na Dinamarca