Copom reduz a taxa Selic para 13,25% ao ano; última baixa foi em 2020

A decisão não foi unânime, como já era esperado pelos setores, mas dá início a um ciclo de afrouxamento monetário

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa Selic em 13,75% para 13,25% ao ano, o que configura a primeira vez que a taxa básica de juros cai desde agosto de 2020. Foram cinco votos a favor e quatro contra a redução de 0,5%. Um dos votos favoráveis foi o do presidente do BC, Roberto Campos Neto. 

A redução ocorre exatamente um ano depois de o BC elevar a taxa Selic pela última vez para combater uma inflação até então bastante persistente. Desde então, os juros básicos estavam parados em 13,75% ao ano.

De lá para cá, a inflação acumulada em 12 meses cedeu de 10,07% para 3,16% - abaixo do centro da meta deste ano (3,25%).

O movimento foi aguardado pelo governo federal, por empresários e pelo mercado financeiro. No entanto, a decisão foi dividida, como já era esperado, na estreia de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino no Copom. 

Haddad celebra decisão do Copom

Em entrevista coletiva após a nova taxa Selic ser divulgada, o ministro da Fazenda Fernando Haddad avaliou que a decisão "fortalece a agenda econômica". Ele olha para o comunicado com "otimismo" e diz que o diálogo entre as diversas frentes foi essencial para a decisão. 

Sobre a divergência entre os votos, o ministro considerou normal e fruto de uma democracia, onde vários economistas se manifestam com "diversas opiniões de mercado". 

Ele define que foi uma "discussão técnica", assim como o voto favorável do presidente do BC, Campos Neto, que teve um "papel importante" no Copom. 

Início do ciclo de queda 

O início do ciclo de afrouxamento monetário acontece três anos após o último corte de juros no Brasil. Em agosto de 2020, o Comitê definiu a queda para Selic a 2,0%, mínima histórica, mas no contexto da pandemia da Covid-19.

Entre as instituições financeiras, a queda de 0,25 ponto porcentual, para 13,50%, era a aposta predominante. Segundo pesquisa do Projeções Broadcast, 62 de 88 (70%) das casas consultadas esperavam recuo para 13,50%, enquanto 26 (30%) viam queda maior, de 0,50 ponto, para 13,25%.