Com a piora do avanço do coronavírus no início deste ano e a imposição de um novo lockdown impedindo o atendimento presencial de negócios de vários segmentos, uma "avalanche de renegociações" de contratos de aluguel de imóveis comerciais é esperada, de acordo com o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE).
De acordo com Rodrigo Costa, vice-presidente da entidade, os proprietários já estão sendo orientados quanto a isso. "Precisamos ajudar esses comércios que estão fechados", diz.
Apesar da esperada avalanche de renegociações, ele acredita que não haverá um movimento tão forte de devoluções de chaves.
"É lógico que os aluguéis mais altos foram os mais atingidos, e precisamos compreender também que quem já vinha com dificuldades e que já vinha atrasando o aluguel, já não estava dando conta, dificilmente conseguirá dar continuidade aos contratos. Nós, como corretores de imóveis, especialistas em aluguel, já conversamos muito com os proprietários, com a experiência que tivemos do ano passado", explica Rodrigo Costa.
O presidente da Associação das Administradoras de Imóveis do Ceará (Aadic), Germano Belchior, avalia que a busca por renegociações nos próximos meses dependerá de quanto tempo vai durar o lockdown. Por enquanto, ele pontua que o movimento está bem abaixo do que foi observado no último isolamento social rígido, em 2020.
"A conciliação e a renegociação vem acontecendo, tem sido feito um esforço para se manter os bons inquilinos", reforça.
Bares e restaurantes sofrem mais
"O setor de bares e restaurantes está procurando muitíssimo (renegociar) porque foram bem impactados. Mas há outros negócios que estão funcionando normalmente cujo faturamento até aumentou, como os supermercados e postos de gasolina", destaca Germano Belchior.
De acordo com ele, a procura para renegociação de aluguéis comerciais em Fortaleza caiu 50% nesse lockdown em relação ao último isolamento social rígido. "A conta de aluguel no custo de uma empresa varia de 1% a 10%, então não é a principal conta do negócio. Muitas vezes pode zerar o aluguel e ainda assim o negócio não será viável, porque tem outras despesas como folha de pessoal, impostos, uma infinidade de custos", diz Belchior.
Mercado tinha bom desempenho
Ele lamenta a situação, já que em janeiro e fevereiro as locações vinham apresentando bom desempenho. "O mercado vinha muito bem em janeiro e fevereiro, essa demanda ainda está forte, o problema é que ainda não podemos suprir. Isso vai gerar uma demanda reprimida", destaca Belchior.