Com as maiores térmicas em operação do País, e com o terceiro maior potencial eólico instalado do Brasil, o Ceará terá um acréscimo de 16% da capacidade de geração nos próximos anos, considerando os empreendimentos já contratados. Entretanto, a expectativa é que no próximo leilão de energia, o Estado seja um dos favoritos para receber novos projetos de geração, uma vez que nos últimos três meses triplicou a capacidade de suas linhas de transmissão, que eram até pouco tempo um dos principais gargalos para atração de novos empreendimentos.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ceará possui hoje 110 empreendimentos em operação, com 4.000 MW de potência instalada. E para os próximos quatro anos, está prevista a adição de 643 MW na capacidade, proveniente dos 15 empreendimentos atualmente em construção (332,8 MW) e mais 13 já contratados em construção não iniciada (310,2 MW).
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"Estamos vendo uma tendência de aumento da geração fotovoltaica, com muitas solicitações de estudos e conexões de parques solares no Estado", diz o consultor em energia João Mamede Filho. "Mas, por outro lado, o preço da energia está caindo e a concorrência aumentando, o que pode reduzir a atratividade desses empreendimentos. Ainda assim, no curto e médio prazo, a quantidade de parques solares deve continuar crescendo, o que pode estimular mais negócios no setor de fabricação de equipamentos tanto no Ceará como em outros estados, porque ainda está muito incipiente".
Fontes
Mesmo com o crescimento das usinas solares, o Ceará ainda se destaca, sobretudo, pelo ambiente favorável para geração eólica. Em janeiro, o Estado registrou o melhor resultado para o mês dos últimos três anos, apresentando a terceira maior geração do País, com 537 MW médio, atrás apenas do Rio Grande do Norte (1.262 MW médio) e Bahia (740 MW médio), segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com 1,8 GW de potencial eólico instalado, o Estado irá receber nos próximos mais 400 MW oriundos de 19 projetos contratados.
Termelétrica
No segmento de geração termelétrica, o Ceará também foi o terceiro maior produtor do País em janeiro deste ano, com 1,1 GW médio, atrás do Rio de janeiro (3,9 GW médio) e Maranhão (1,3 GW médio). De acordo com os dados do ONS, as termelétricas foram responsáveis por 68,5% de toda energia gerada no Estado no mês. Para os próximos anos não estão previstas novas usinas térmicas.
Em outubro de 2017, o Grupo EDP, que administra a Usina Termelétrica do Pecém (UTE Pecém), anunciou a intenção de construir uma nova termelétrica, possivelmente no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) com potência instalada entre 500 MW e 1 mil GW, com investimento entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Mas até o momento a empresa ainda não conformou o empreendimento.
"Acho difícil termos novos projetos de térmicas para o Ceará nos próximos leilões. No último leilão, em dezembro, foram privilegiadas as térmicas que aproveitam o gás produzido no pré-sal, mas o gás das usinas no Ceará é importado, que é mais caro", afirma Jurandir Picanço, consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Para o consultor, mesmo diante do cenário favorável para o Estado, diante da disponibilidade de linhas de transmissão, o maior entrave para mais investimentos no setor de geração é o ritmo da atividade econômica do País. "Ainda não há grande expectativa para aumento da demanda por energia, por conta da atividade econômica".