Ceará amplia atratividade para investimentos em energia

Após resolver gargalos do setor, Estado deve ser um dos favoritos para receber novos projetos de geração

Com as maiores térmicas em operação do País, e com o terceiro maior potencial eólico instalado do Brasil, o Ceará terá um acréscimo de 16% da capacidade de geração nos próximos anos, considerando os empreendimentos já contratados. Entretanto, a expectativa é que no próximo leilão de energia, o Estado seja um dos favoritos para receber novos projetos de geração, uma vez que nos últimos três meses triplicou a capacidade de suas linhas de transmissão, que eram até pouco tempo um dos principais gargalos para atração de novos empreendimentos.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ceará possui hoje 110 empreendimentos em operação, com 4.000 MW de potência instalada. E para os próximos quatro anos, está prevista a adição de 643 MW na capacidade, proveniente dos 15 empreendimentos atualmente em construção (332,8 MW) e mais 13 já contratados em construção não iniciada (310,2 MW).

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A novidade entre os novos parques de geração de energia é o avanço da matriz fotovoltaica, que, com oito novos empreendimentos, irá acrescentar 234 MW, o equivalente a 33% da potência total já contratada. Hoje o Estado conta com apenas uma usina, com 5 MW de potência, o que corresponde a 0,1% de todo potencial do Ceará.

"Estamos vendo uma tendência de aumento da geração fotovoltaica, com muitas solicitações de estudos e conexões de parques solares no Estado", diz o consultor em energia João Mamede Filho. "Mas, por outro lado, o preço da energia está caindo e a concorrência aumentando, o que pode reduzir a atratividade desses empreendimentos. Ainda assim, no curto e médio prazo, a quantidade de parques solares deve continuar crescendo, o que pode estimular mais negócios no setor de fabricação de equipamentos tanto no Ceará como em outros estados, porque ainda está muito incipiente".

Fontes

Mesmo com o crescimento das usinas solares, o Ceará ainda se destaca, sobretudo, pelo ambiente favorável para geração eólica. Em janeiro, o Estado registrou o melhor resultado para o mês dos últimos três anos, apresentando a terceira maior geração do País, com 537 MW médio, atrás apenas do Rio Grande do Norte (1.262 MW médio) e Bahia (740 MW médio), segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com 1,8 GW de potencial eólico instalado, o Estado irá receber nos próximos mais 400 MW oriundos de 19 projetos contratados.

Termelétrica

No segmento de geração termelétrica, o Ceará também foi o terceiro maior produtor do País em janeiro deste ano, com 1,1 GW médio, atrás do Rio de janeiro (3,9 GW médio) e Maranhão (1,3 GW médio). De acordo com os dados do ONS, as termelétricas foram responsáveis por 68,5% de toda energia gerada no Estado no mês. Para os próximos anos não estão previstas novas usinas térmicas.

Em outubro de 2017, o Grupo EDP, que administra a Usina Termelétrica do Pecém (UTE Pecém), anunciou a intenção de construir uma nova termelétrica, possivelmente no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) com potência instalada entre 500 MW e 1 mil GW, com investimento entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Mas até o momento a empresa ainda não conformou o empreendimento.

"Acho difícil termos novos projetos de térmicas para o Ceará nos próximos leilões. No último leilão, em dezembro, foram privilegiadas as térmicas que aproveitam o gás produzido no pré-sal, mas o gás das usinas no Ceará é importado, que é mais caro", afirma Jurandir Picanço, consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Para o consultor, mesmo diante do cenário favorável para o Estado, diante da disponibilidade de linhas de transmissão, o maior entrave para mais investimentos no setor de geração é o ritmo da atividade econômica do País. "Ainda não há grande expectativa para aumento da demanda por energia, por conta da atividade econômica".