Brisanet faz IPO hoje e se torna a 9ª empresa cearense a abrir capital na Bolsa

Companhia mira captação de R$ 1,5 bilhão

A provedora de internet Brisanet é a nona empresa cearense a abrir capital na Bolsa de Valores. A abertura da Oferta Pública Inicial (IPO, em inglês) ocorre nesta quinta-feira (29), com o código BRIT3

A Brisanet chega à bolsa com a ação custando R$ 13,92, valor mínimo da projeção feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que tinha R$ 17,26 como preço máximo. 

O IPO consistirá na distribuição pública de 89,7 milhões de novas ações - não englobando as ações dos sócios da empresa. A quantidade de papéis inicialmente ofertada poderá ser acrescida de um lote suplementar de até 15% do total, o equivalente a 13,4 milhões de ações ordinárias.  

O procedimento é coordenado pelas instituições financeiras Santander, XP, BTG Pactual e Bradesco BBI. O objetivo é captar R$ 1,5 bilhão com a abertura de capital.

Expectativas do mercado 

A Brisanet realiza a abertura de capital no mesmo momento em que outras ISPs (provedoras pequenas de internet) também chegam à bolsa.  

A Unifique, que presta serviços de internet na região Sul, abriu IPO na última terça-feira (27). A Desktop, com foco no Sudeste, teve abertura de capital no último dia 21. 

Para o analista de investimentos da casa de análise Suno Research, João Daronco, o segmento de empresas menores na área de Telecom tem força para crescer.  

“As três ISPs têm uma qualidade muito boa, é um setor que faz bastante sentido. O momento é muito bom. É um setor que a força empurrando para o crescimento é bem forte, tem um vento bem forte batendo nas costas dessas companhias”, analisa. 

A Brisanet é a maior ISP do País, mas o valuation - valor estimado para a empresa considerando o preço de cada ação - foi considerado alto por João Daronco. Segundo ele, a empresa precisa apresentar crescimento para o valuation conseguir se cumprir e o investidor não sair no prejuízo. 

Investir ou não? 

O relatório da Suno Research analisando a Brisanet não recomenda o investimento na ação.  

É um setor que a gente gosta bastante, que faz muito sentido, mas a gente achou que o IPO estava bem caro e a gente gosta de investir com uma margem de segurança. Comparando com a Unifique, a gente preferiria ficar com a Unifique. Preferiria ficar com outros players porque esse preço engloba um certo risco
João Daronco
analista de investimentos da casa de análise Suno Research

Quem quer apostar na cearense deve buscar conhecer a história e avaliar os pontos positivos e negativos da empresa. Na visão da Suno, são os seguintes: 

Prós 

  • Satisfação do consumidor. A companhia é a primeira colocada no ranking de Satisfação Geral, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em todos os estados em que atua. 

  • Preço do serviço. A Brisanet já consegue oferecer preços mais baixos que outras gigantes do setor, e com o aumento de escala proporcionado pelo IPO, deve reduzir ainda mais os custos, permitindo praticar preços mais competitivos. 

  • Consolidação do setor. Enquanto grandes players da área de Telecom focam em grandes capitais, as ISPs tem um grande espaço no interior dos estados. 

Contras 

  • Concorrência. A Brisanet compete com empresas muito mais capitalizadas do que ela. 

  • Incentivos fiscais. A companhia dispõe de benefícios fiscais que reduzem os custos da empresa, permitindo preços mais competitivos. O eventual encerramento dos benefícios pode impactar diretamente os resultados. 

  • Conflitos de interesse. O CEO José Roberto Nogueira e outros membros da administração controlam duas empresas que alugam imóveis à Brisanet.  

Sobre a empresa 

Fundada por José Roberto Nogueira há 22 anos, a Brisanet já é a maior ISP do país, com cobertura exclusiva no Nordeste. A empresa atua como provedora de internet via fibra óptica, TV por assinatura, streaming de música, telefonia fixa e móvel. 

A cobertura do serviço ultrapassa 200 cidades, nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. No total, são cerca de 730 mil assinantes

A provedora de internet conta com mais de 14.400 km de infraestrutura de backbone, 150 Data Centers próprios e 35.100 km de cabos FTTH (“fiber-to-the-home”).   

Segundo a empresa, a receita operacional líquida em 2020 chegou a R$ R$ 471,8 milhões, uma alta de 48,2% comparado com os R$ 214,9 milhões de 2018. 

Empresas cearenses que abriram IPO 

  • M. Dias Branco 

Data do IPO: 18/10/2006 

Setor: Alimentos diversos 

Valor de mercado: R$ 11,31 bilhões 

Valorização desde o IPO: 368% 

Código da ação: MDIA3 

  • Hapvida 

Data do IPO: 25/4/2018 

Setor: Serviços médico-hospitalares 

Valor de mercado: R$ 51,15 bilhões 

Valorização desde o IPO: 143% 

Código da ação: HAPV3 

  • Arco Educação* 

Data do IPO: 26/09/2018 

Setor: Educacional 

Valor de mercado: US$ 2,22 bilhões 

Valorização desde o IPO: 77% 

Código da ação: ARCE 

*Ação negociada na bolsa norte americana Nasdaq 

  • Pague Menos 

Data do IPO: 2/9/2020 

Setor: Medicamentos e outros Produtos 

Valor de mercado: R$ 3,75 bilhões 

Valorização desde o IPO: -19% 

Código da ação: PGMN3 

  • Aeris Energy 

Data do IPO: 11/11/2020 

Setor: Bens de capital 

Código da ação: AERI3 

  • Grendene** 

Data do IPO: 29/10/2004 

Setor: Calçados 

Valor de mercado: R$ 7,25 bilhões 

Valorização desde o IPO: -30% 

Código da ação: GRND3 

**Fundada no Rio Grande do Sul em 1971, a empresa mudou sua matriz para Sobral na década de 1990 

Empresas públicas de capital aberto sediadas no Ceará: 

  •  Banco do Nordeste 

Registro de IPO 20/7/1977 

Setor: Financeiro 

Valor de mercado: R$ 5,62 bilhões 

Código da ação: BNBR3 

  •  Coelce (Enel Ceará)*** 

Registro de IPO: 13/6/1995 

Setor: Distribuição de Energia Elétrica 

Valor de mercado: R$ 5,03 bilhões 

Código da ação: COCE3 

***A Coelce, que hoje pertence ao Grupo Enel, era empresa pública quando abriu o capital 

Fonte: Pesquisa direta e B3