O pessimismo dos economistas acerca do cenário econômico reduziu 5,2% no bimestre de maio e junho em relação a março e abril. Apesar da melhora, o indicador ainda ficou em 77,3 pontos, patamar considerado ainda pessimista.
O resultado foi observado no Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia do Ceará (IEE), medido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-CE) em parceria com o Conselho Regional de Economia (Corecon-CE).
O indicador considera nove variáveis, das quais apenas três estão em um patamar otimista: o cenário internacional, a evolução do PIB e a oferta de crédito ao consumidor.
Ricardo Eleutério, conselheiro do Corecon-CE, explica que, na edição anterior da pesquisa, apenas dois desses pontos estavam otimistas, o que indica uma melhora na percepção, embora muitos ainda precisem melhorar.
Cenário internacional e PIB
No levantamento mais recente, a percepção do cenário internacional e do PIB nacional saíram do pessimismo e passaram ao otimismo, com 144,4 pontos e 120,7 pontos respectivamente.
Eleutério explica que a mudança ocorreu a partir do avanço da vacinação no mundo, que tem permitido a recuperação da economia dos países que estão com esse processo de imunização mais adiantado, assim como a aplicação das doses no Brasil.
"Iniciamos o ano com uma previsão para o PIB de 3,5% e agora já estamos em 5%, além do próprio resultado do primeiro trimestre e alguns outros indicadores, como a arrecadação de tributos federais, que cresceu bastante".
A oferta de crédito já estava no âmbito do otimismo e permanece.
Taxa de juros
No entanto, a taxa de juros, antes otimista, passou para o campo pessimista. Conforme o economista, isso ocorreu devido às elevações que o Banco Central tem feito na taxa Selic para controlar a inflação.
"E a sinalização é que, ao longo do ano, ocorram novas altas. Iniciamos o ano com uma Selic de 2% e devemos encerrar com ela em 6,5%. É um remédio amargo para combater a inflação, cuja expectativa está acima do limite da meta", ressalta.
Indicadores pessimistas
Apesar da melhora, a percepção sobre alguns indicadores como o nível de emprego (90,5 pontos), a taxa de câmbio (85,3%), gastos públicos (49,1 pontos) e salários reais (37,9 pontos) seguem pessimistas.
Eleutério lembra que a taxa de desocupação segue muito alta, atingindo cerca de 14,7% dos brasileiros, assim como a cotação do dólar, apesar das recentes quedas.
"O dólar subiu mais de 30% no ano passado. Esse ano, tivemos algumas baixas, de cerca de 5%. Mas em um ano e meio ainda temos uma elevação de 25%", afirma.
Ele ainda lembra que a economia tem nas expectativas uma das principais variáveis que determinam o resultado econômico em um período. Se há otimismo, empresários investem mais e consumidores compram mais, o que alimenta toda a cadeia e reflete dos resultados.
Caso haja pessimismo, as variáveis de fomento a essa roda se retraem e comprimem a atividade econômica.
"A expectativa é que ao longo do ano a dinâmica vá melhorando e isso seja refletido na pesquisa. Isso caso a instabilidade política, por exemplo, não atrapalhe a recuperação ou que as flexibilizações gerem novas ondas", acrescenta.