Arezzo já treina funcionários e deve iniciar operação em Uruburetama em fevereiro

Grupo está se instalando em endereço que antes era ocupado pela Paquetá; outras fábricas da gaúcha que saiu do Ceará podem ser ocupadas ainda este ano

A Arezzo deve iniciar as suas operações, oficialmente, na unidade que pertencia à Paquetá, em Uruburetama, na primeira semana de fevereiro. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçadistas (Sindicaui).

Segundo o presidente da entidade, Renato Bezerra, a Arezzo já está instalada em Uruburetama. "Faltam só as atividades começarem agora, dia primeiro de fevereiro. Eles estão cumprindo os trâmites legais. Já contratou todo mundo, já está pintando a fábrica e colocando a logomarca da empresa. Então, a meu ver, não está 100% porque não começou a operar ainda, mas tá 99% encaminhado", disse.

Bezerra reforça que toda a mão de obra local foi absorvida pelo novo grupo. "Eles ficaram com 100% dos trabalhadores e, se tivesse mais, teriam contratado também."

Porém, ele não sabe informar o que de fato será produzido no local, já que a Arezzo possui em seu portifólio 12 marcas, entre elas Shutz, Anacapri, Vans e a que leva o mesmo nome Arezzo, entre outras. No local, a Paquetá produzia calçados femininos para exportação com característica de ter partes costuradas ainda à mão.

A especulação do mercado é que uma das linhas femininas seja levada para o local. A retirada da logomarca da Paquetá da frente da fábrica circula nas redes sociais e colaboradores comemoram a chegada do novo empregador.

Na apuração da matéria, foi encontrada uma postagem de um auditório com a legenda "treinamento Arezzo". Na cena há um papel timbrado possível de identificar a marca Arezzo Co. e uma pessoa usando uma camisa de farda ainda com a logomarca da Paquetá.

A reportagem ainda tentou contato com o proprietário da postagem para obter mais informação, mas não obteve sucesso. Além disso, foi feito contato com a Arezzo, por meio de sua assessoria de comunicação, que, até o fechamento da edição, não deu nenhum retorno.

Outras unidades da Paquetá no Estado

Além de Uruburetama, a Paquetá possuia mais cinco unidades no Ceará, nas cidades de Apuiarés, Irauçuba, Pentecoste, Tururu e Itapajé.

Ainda conforme o presidente do Sindicaui, outras duas unidades também teriam empresas interessadas em assumir os galpões e estruturas. Seriam elas Itapajé e Pentecoste. No caso de Itapajé, a interessada que estaria em tratativas é a Dilly Sports - empresa que já possui unidade em Brejo Santo e fábrica as marcas esportivas ÖUS, Mormaii, West Coast, Puma, Oakley, Skechers e Kappa.

Já em Pentecoste, Bezerra revela que a interessada seria uma empresa também do ramo calçadista e que já seria fornecedora da Dilly. A empresa faria um componente para a montagem do calçado. Porém, ele não quis revelar o nome desta, afirmando não ter autorização. 

Ele ainda pondera que pela movimentação, no momento em que a Paquetá desocupar os galpões em Pentecoste, o empresário teria interesse em já entrar, empregando cerca de 400 pessoas no início e podendo chegar a até mil postos de trabalho em 2025.

DelRio Moda pode se instalar em Pentecoste

Corroborando com todos os boatos e movimentações naquela região do Estado, o prefeito de Pentecoste, João Bosco Tabosa, postou em suas redes sociais na última quinta-feira (18) a informação de que a fábrica DelRio Moda Íntima se instalaria no município, ocupando um dos galpões anteriormente sediados pela Paquetá.

"Recebi nesta manhã os responsáveis pela instalação da DelRio Moda Íntima que ocupará um dos galpões anteriormente sediados pela Paquetá. A instalação acontecerá ainda neste primeiro semestre de 2024, gerando inicialmente 250 empregos diretos. Agradeço aos representantes da empresa, Luísa Lopes e Antônio Júnior, por oportunizarem este empreendimento em nosso município. É compromisso da nossa gestão gerar emprego e renda para Pentecoste. Em breve anunciaremos as fabricantes que ocuparão os demais galpões", disse o prefeito.

Porém, procurada pelo Diário do Nordeste, a DelRio não confirma a informação de estar se instalando no local

O encerramento das atividades da Paquetá no Ceará

O Grupo Paquetá, do Rio Grande do Sul, ficou em recuperação judicial de abril de 2019 até novembro deste ano. A empresa, desde meados de março deste ano, vem atrasando salários dos colaboradores. Em abril o pagamento ocorreu, pela primeira vez em 30 anos de existência no Ceará, de forma parcelada.

Desde o mês de junho o Governo do Estado adiantou R$ 23 milhões referentes a parcelas de incentivos fiscais referentes ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A intenção era manter os 3,1 mil postos de trabalho no Ceará.

Porém, o acordo firmado entre o Grupo Paquetá e o Estado do Ceará, de em troca do adiantamento a empresa mantivesse as unidades fabris do Estado abertas por 31 meses, com a manutenção de todos os empregos, foi descumprido.

Por conta disso, o Governo estuda uma forma de reaver parte dos valores que ainda não foi calculado.