Campanha de Biden diz que declaração de Trump é 'ultrajante' e que apuração 'não vai parar'

Trump se declarou vencedor da eleição americana na madrugada desta quarta-feira (4) e disse que vai à Suprema Corte pedir que a apuração seja interrompida

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(Atualizado às 15:25)
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Legenda: Joe Biden, candidato a presidência dos EUA, em evento com apoiadores em Wilmington, Delaware
Foto: WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

A campanha de Joe Biden classificou como "ultrajantes, sem precedentes e incorretas" as declarações do presidente Donald Trump que, na madrugada desta quarta-feira (4), declarou-se vencedor da eleição americana, mesmo antes do encerramento da apuração.

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Em nota assinada por Jen O'Malley Dillon, chefe da campanha de Biden, os democratas também dizem que a contagem de votos não vai parar e que todas as cédulas serão contadas, como prevê a lei.

"Não vai acontecer. A contagem não para. Ele continuará até que todos os votos devidamente expressos sejam contados. Porque é isso que nossas leis - as leis que protegem o direito constitucional de voto de todos os americanos - exigem."

Trump disse que vai à Suprema Corte pedir que a apuração seja interrompida, em mais uma movimento de sua cruzada contra as cédulas enviadas por correio, que devem favorecer Biden - mais democratas votaram dessa maneira, segundo projeções.

A campanha de Biden promete brigar na Justiça caso as ameaças do presidente se concretizem. "Se o presidente cumprir sua ameaça de ir à Justiça para tentar impedir a apuração adequada dos votos, temos equipes jurídicas prontas para se mobilizar para resistir a esse esforço. E eles vão prevalecer."

Em discurso dentro da Casa Branca, sede do governo americano, o presidente repetiu que levaria a disputa à Justiça e afirmou que a contagem dos votos deveria parar. "Eles sabiam que não poderiam vencer e disseram 'vamos à Suprema Corte'", disse o republicano em referência aos opositores democratas. 

A tese de Trump é que os adversários tentam fraudar a eleição com o estímulo ao voto por correio, que bateu recorde neste ano por causa da pandemia. "Isso é uma enorme fraude. É uma vergonha para o nosso país. Francamente, nós ganhamos esta eleição."

"Nós vamos à Suprema Corte, queremos que todos os votos parem, não queremos que os votos sejam encontrados até as 4 da manhã. É um momento triste", completou, insistindo na narrativa que vinha apresentando nas últimas semanas.

A vitória autodeclarada, porém, não tem validade legal, e a disputa à Casa Branca permanece indefinida, com votos ainda sendo contados na maior parte dos estados.

Os primeiros resultados da noite desta terça-feira (3) pareciam abrir caminho para Trump seguir na disputa à reeleição e mostravam que a corrida não teria ampla vantagem para Biden, ao contrário do que mostravam as pesquisas.

Entre os estados considerados mais competitivos, Trump ganhou Flórida, Ohio, Texas e Iowa, segundo as projeções. Biden, por sua vez, levou Arizona, Minnesota e New Hempshire, e a disputa virou, mais uma vez para o Meio-Oeste, onde há muitos votos por correio que ainda não foram contados.

Até 6h30 desta quarta-feira (hora de Brasília), com as primeiras projeções, o democrata Biden acumulava, segundo o jornal New York Times e a agência de notícias Associated Press, 227 dos 270 votos necessários no Colégio Eleitoral americano.

O republicano Trump, por sua vez, somava 213 pontos. E continuavam indefinidos 8 dos 50 estados.

O movimento de Trump era esperado como um novo recurso de sua cruzada que, há meses, tenta minar a confiança no pleito e fazer da eleição uma batalha na Justiça.

Quase nove pontos atrás de Joe Biden na média das pesquisas nacionais, o presidente lançava dúvidas sobre a integridade do processo, afirmando, sem provas, que a votação por correio levaria a fraudes.

Trump se aproveitou dos esperados atrasos e distorções iniciais que o recorde de votos pelo sistema postal causou para manobrar na saída na apuração.

Isso porque estados que começam a contagem pelo voto presencial, como a decisiva Pensilvânia, poderiam colocar Trump na frente no começo da apuração, já que essa é a forma de votar preferida dos republicanos. O cenário, porém, estava sujeito a mudanças conforme fossem contados os votos por correio, opção feita por mais democratas.
Muitos prognósticos já diziam, como acontecia na madrugada, que Trump apareceria provavelmente à frente na Pensilvânia, que tem até sexta-feira (6) para apurar votos enviados pelos correios -o que poderia mudar substancialmente o quadro em favor de Biden mais a frente na disputa.

Historicamente, a apuração não é concluída de maneira oficial na noite da eleição americana, mas projeções feitas sobre resultados parciais, na maioria das vezes, permitem indicar o vencedor horas após o fechamento das urnas. Com o recorde de votos por correio neste ano, porém, isso não aconteceu.

Com baixos índices de irregularidades, a prática do voto postal é muito comum nos EUA e foi intensificada neste ano em razão da pandemia, principalmente entre democratas. Por isso, virou alvo de Trump.

Para analistas, o questionamento jurídico dos resultados poderia ocorrer se a disputa fosse muito apertada no voto popular ou no Colégio Eleitoral - sistema indireto que escolhe o presidente nos EUA.

A manobra de Trump antes mesmo do fim da contagem de votos é mais um movimento na enxurrada de contestações legais que ele sinalizou fazer após o fechamento das urnas.