"Barragem do Cocó sozinha não tem capacidade de evitar alagamento", diz representante da Cogerh
A barragem do Cocó, localizada perto da Av. Val Paraíso, no Conjunto Palmeiras, foi inaugurada em junho de 2017, para reter o excedente de água nos períodos chuvosos. Representante da Cogerh explica como a barragem funcionou durante a chuvas do fim de semana.
A chuva de 120,3 milímetros que banhou Fortaleza entre o sábado (23) e o domingo (24) intensificou a sangria do açude do Rio Cocó e isto contribuiu para a inundação de residências em áreas que circundam o curso desta água. Na manhã desta segunda-feira (26), moradores do São Cristovão e do João Paulo II seguem alojados em áreas cedidas pela Prefeitura. A Defesa Civil realiza os atendimentos para diagnosticar a situação.
Moradores apontam que a barragem do Cocó não conseguiu conter águas. Mas, o diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Bruno Rebouças, explica que a barragem "não tem a capacidade sozinha de evitar um alagamento" e acrescenta que "se a barragem não existisse, possivelmente essa cheia teria sido maior".
A barragem do Cocó, localizada perto da Avenida Val Paraíso, no Conjunto Palmeiras, foi inaugurada em junho de 2017, justamente para reter o excedente de água nos períodos chuvosos. Com o equipamento, a vazão do Rio é controlada para minimizar os alagamentos nas áreas ribeirinhas.
A estrutura é projetada para funcionar com as três comportas abertas e tem capacidade máxima de acúmulo de 6,4 milhões de metros cúbicos de água.
Segundo Bruno Rebouças, "a barragem de contenção de cheias tem a função de amortecer justamente as cheias que acontecem abaixo dela. No entanto, ela não tem a capacidade sozinha de evitar um alagamento, principalmente, como em casos que você tem vários outros fatores provocando a cheia".
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— Diário do Nordeste (@diarioonline) 25 de fevereiro de 2019
De acordo com ele, além do grande volume de água, as precipitações em Fortaleza tiveram consequências intensas pois estamos no período de maré de sizígia, que é uma maré de amplitude maior que favorece o bloqueio das águas que seguem para o mar.
Operação
O representante da Cogerh também ressalta que caso a barragem não existesse os efeitos da chuva possivelmente seriam mais devastadores.
"Porque mesmo ela vertendo, ela segura a água dos rios e riacho que vem a montante dela. Passado esse momento de inundação, baixou a água, voltou o nível de normalidade da barragem, possivelmente ainda vai tá cheia, a gente começa fazer a liberação controlada para esperar uma nova chuva"
No entanto, ele esclarece que se ocorrer uma nova chuva de 120 mm ou 140 mm, a barragem corre o risco de encher novamente. Ela deve amortecer o que for possível e passa o excedente.
Em relação à abertura das comportas, ele informa que "a manobra é muito dinâmica" e não houve aumento de liberação das águas na barragem. O que ocorreu, reforça ele, foi a sangria, que é um fenômeno natural. "Não tem como controlar porque o açude atingiu a capacidade máxima".
Antes desta chuva do fim de semana, a barragem já estava com nível alto, segundo ele, justamente, porque o Rio já estava cheio. "Não era conveniente fazer uma liberação grande para não correr o risco de gerar uma enchente. A gente abre as comportas e libera água. Ela tava liberando com uma comporta pequena para não ter possibilidade de causar nenhum transtorno à população".
Reunião
Ainda nesta segunda-feira, representantes da Cogerh e da Defesa Civil devem se reunir para identificar a amplitude da enchente e traçar ações para ajudar a resolver a situação.