Barragem deve reforçar abastecimento de água
Reservatório tem capacidade de até 6,4 milhões de metros cúbicos e vai beneficiar a 8.315 famílias
As águas que transbordam na barragem do Rio Cocó, no Conjunto Palmeiras, e encantam quem as observam, foram as mesmas que inundaram casas nos períodos chuvosos do Estado e deixaram desabrigados durante anos e anos. Para a dona-de-casa, Izalene Costa, moradora do Dias Macedo e uma vítima dessas cheias, a obra, inaugurada na manhã de ontem (7), pelo governador Camilo Santana, e o prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio, garante a beleza da paisagem e o fim do sofrimento de ter sua moradia destruída pela enchente. "Por isso, fiz questão de ver com meus próprios olhos e sair daqui com o coração mais tranquilo", afirma.
Além de beneficiar 8,3 mil famílias, residentes em todos os bairros de Fortaleza que ficam às margens do Rio, no trecho entre a Avenida Valparaíso, no Conjunto Palmeiras, e a Avenida Sebastião de Abreu, no bairro Cocó, com a contenção de cheias, a ideia do governo estadual é integrar o reservatório ao Sistema Metropolitano para reforçar o abastecimento de água da Capital. Antes, porém explica o diretor de Mercado da Cagece, Helder Cortez, a companhia faz um estudo da qualidade do recurso e analisa como fará a construção de uma adutora até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Gavião. "Até o fim desse mês concluiremos a análise", garante.
Segundo o governador, foram investidos até o momento R$ 105 milhões, entre a compra do terreno, desapropriações e a barragem propriamente dita. "Agora, vamos aportar mais R$ 100 milhões com a dragagem e reurbanização de suas margens direita e esquerda. Sem falar que é um dos eixos da sustentabilidade do Parque do Cóco", salienta.
O presidente da companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (Cogerh), João Lúcio de Farias, informa que o reservatório também será monitorada pela Companhia e passa a ser o de número 154 a ser inspecionado e gerenciado. "Antes, eram 153 açudes, agora somamos mais um. Vamos com isso, formar uma Comissão Gestora, com a participação da comunidade, para melhor administrar a reserva", explica.
Segundo o titular da Secretaria das Cidades, Jesualdo Farias, a obra foi projetada para funcionar com as três comportas abertas, e tem capacidade máxima de acúmulo de 6 milhões e 400 mil de metros cúbicos de água. "A intervenção faz parte do projeto Rio Cocó e deverá ser totalmente entregue em dezembro de 2018. Somando os projetos do Maranguapinho e do Dendê, o Governo vai investir mais de R$ 550 milhões, em parceria com o governo federal na área socioambiental".
O titular da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH), Francisco Teixeira, comemora a entrega da barragem e destaca que, o conjunto de obras realizadas pelo governo que garantem uma economia de 20% no consumo de água em relação a 2014, também vai deixando mais distante um racionamento para a Capital. "E mais que isso, nos assegura abastecimento até setembro de 2018, mesmo se for um ano de seca ou não contarmos com a transposição do Rio São Francisco".
A obra da barragem do Rio Cocó, foi iniciada em janeiro de 2015 e integra o projeto que contempla outras ações como urbanização e habitação popular e cuja área de intervenção ao longo dos 50 quilômetros de extensão do Rio. A intervenção inclui ainda um plano de urbanização, que envolve a implantação de vias, ciclovias e calçadão nos três trechos do projeto.
Enquete
A obra é importante?
"Sem dúvida alguma. Principalmente, para aquelas pessoas que vivem em comunidades como as do Conjunto Palmeiras, Jangurussu e Dias Macedo. Acredito que isso acabe com as inundações"
Joaquim Melo
Integrante do Banco Palmas
"Sou morador da comunidade do Ancuri desde que nasci e, hoje, tenho 65 anos de idade. Acho que, a partir de agora, nós moradores estamos mais seguros e não temeremos mais a época do inverno"
Raimundo Nonato Figueiras
Aposentado