Ato contra a morte do congolês Moïse é realizado em Redenção, no interior do Ceará

Associação dos Estudantes Guineenses na Unilab (Aegu) considera o crime um ato de racismo e xenofobia

Escrito por Diário do Nordeste e Estadão Conteúdo ,
Manifestação em frente ao monumento “Negra Nua”
Legenda: Estudantes da Unilab protestam contra a morte do congolês Moïse
Foto: Walbert Costa/SVM

Uma manifestação com pedido de justiça pela morte do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi realizada na tarde deste sábado (5) em Redenção, no interior do Estado. O ato foi organizado pela Associação dos Estudantes Internacionais da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) Ceará. O refugiado congolês foi espancado até a morte no último dia 24 de janeiro na orla da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, após cobrar um pagamento atrasado. 

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Para a Associação dos Estudantes Guineenses na Unilab (Aegu), o migrante africano do Congo foi vítima de um ato de barbárie, xenofobia e racismo

“O objetivo do ato é pedir justiça, porque nós queremos que seja feita Justiça. E também mostrar que nós somos contra homicídio por questões raciais – um ato que consideramos xenofóbico e racista”, disse o estudante Jorge Fernando Lodna em declaração ao Sistema Verdes Mares. 

O ato contou com estudantes exibindo faixas com mensagens como "justiça por Moïse", "a carne mais barata do mercado é a carne negra" e ainda "nem bala, nem fome e nem Covid. O povo negro quer viver".

Ato em Redenção
Legenda: Manifestação pede Justiça por Moïse
Foto: Walbert Costa/SVM

Atos pelo país

Diferentes capitais brasileiras também realizaram atos pela morte do jovem neste sábado. Os protestos ocorreram no Rio, em São Paulo e em Brasília.

No Rio, acompanharam o ato integrantes de movimentos sociais e parentes de Moïse. O protesto ocupou o entorno do quiosque Tropicália, na altura do Posto 8 do calçadão da Barra e do Receio dos Bandeirantes, onde o refugiado foi espancado.

Pouco antes das 11 horas, os manifestantes partiram em caminhada pelo calçadão da orla. Alguns participantes do ato ameaçaram depredar partes do quiosque, mas foram contidos pelos próprios manifestantes.

Um dos manifestantes exibia cartaz onde se lia "Queremos justiça", em português e em francês, um dos idiomas oficiais da República Democrática do Congo (RDC), de onde a família de Moïse fugiu, há cerca de dez anos, por causa da violência de conflitos étnicos.

Segundo a família de Moïse, ele teria ido ao quiosque cobrar o pagamento de diárias atrasadas por seu trabalho - o congolês trabalhava informalmente como atendente.

Racismo estrutural

A indignação da família e a divulgação de imagens do espancamento, que foi flagrado por câmeras de segurança do quiosque, causaram comoção. Cientistas sociais e ativistas viram o crime como manifestação do racismo estrutural que perdura no País.

Na cidade de São Paulo, simultaneamente, ocorreram atos no vão do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. A manifestação foi encabeçada pelas comunidades congolesa e de imigrantes e pelos movimentos negros. Com cartazes que diziam "Vidas Negras Importam", os manifestantes pediram por justiça.

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