Um mês após início da vacinação contra Covid, Ceará imunizou 40% do grupo prioritário

Chegando ao fim do estoque da primeira dose, Fortaleza só vacinou 36,6% do grupo prioritário até hoje. Falta de imunizantes é a principal justificativa para a lentidão do processo, segundo Estado e Prefeitura

Faz um mês, nesta quinta-feira (18), desde que a técnica de enfermagem Maria Silvana Souza Reis, 51, recebeu a primeira dose da CoronaVac no saguão do Hospital Leonardo da Vinci. Ela foi a primeira imunizada contra a Covid-19 em Fortaleza — e no Ceará. Hoje, Maria se soma a outros 247,3 mil cearenses beneficiados com a vacina, que se tornou o principal símbolo do combate à pandemia e de esperança na volta dos dias “normais”.

De acordo com a atualização mais recente do monitoramento da campanha de vacinação no Estado, 59 municípios concluíram a aplicação da primeira dose com a quantidade enviada pelo Governo e 157 deram início à aplicação da segunda dose — não necessariamente todos esses concluíram a primeira.

No entanto, com poucas doses disponíveis, o sonho da imunização coletiva está distante de se concretizar. A quantidade de vacinados hoje, no Ceará, só equivale a 40% da meta dos prioritários.

Na Capital, onde o acumulado é de 112,6 mil casos confirmados da Covid-19, segundo o IntegraSUS, foram aplicadas até 12h desta quinta-feira 104 mil doses de vacinas — tanto da CoronaVac quanto da produzida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

Podem chegar mais doses da CoronaVac na próxima semana, segundo o governador Camilo Santana (PT), mas não se sabe quantas. Segundo o secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, a previsão, conforme o cronograma de vacinação do Ministério da Saúde, é avançar para a imunização de pessoas acima de 60 anos de idade até o fim do mês de março. Contudo, ainda é só uma previsão.

Escassez de vacinas

Para se ter uma ideia da insuficiência de imunizantes, o percentual de vacinados em Fortaleza está abaixo do Estado e corresponde a somente 36,6% do total da população estipulada pela Prefeitura na primeira fase do cronograma de vacinação, que prioriza profissionais da saúde, idosos institucionalizados, idosos acima de 75 anos de idade, indígenas e outros.

Mesmo assim, a secretária municipal da Saúde, Ana Estela Leite, avalia como “positivo” o mês, visto que só dá para aplicar o quantitativo de doses que o Município recebe do Governo Federal. Devido à escassez, ela lembrou que, no início da campanha de vacinação, foi preciso ajustar os grupos prioritários e escolher quais, dentre eles, mereciam ainda mais prioridade

“Um dos grandes desafios foi, exatamente, ter que trabalhar com subgrupos. Essa logística de seguir uma ordem decrescente (dos idosos ‘ao extremo’ para os idosos ‘mais novos’), muitas vezes, retarda esse processo”, afirma Ana Estela.

Na última terça-feira (16), a secretária relatou que o estoque da Capital estava acabando e que só restavam 11 mil (primeiras) doses para aplicar ao longo desta semana, sendo oito mil da CoronaVac e três mil da Oxford/AstraZeneca/Fiocruz.

No ritmo de vacinação diária, cuja média é de três mil aplicações, é possível que, até o fim de semana, as estruturas montadas de drive-thru funcionem somente para aplicação da segunda dose — até o momento, só foram aplicadas 8,5 mil, principalmente em profissionais da saúde e idosos institucionalizados. 

“Essas vacinas estão chegando muito mais lentamente do que a gente precisa”, analisa o infectologista Keny Colares, consultor da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE).

Segundo o especialista, é necessário que o Estado cobre a aceleração desse processo e, em paralelo, trabalhe a conscientização da população sobre a segurança e a eficácia das vacinas. “São seguras, que não têm vírus vivo dentro. Você não tem como se infectar”, explica ele.

Confira balanço da vacinação no Ceará

No cronograma de vacinação, o Ceará tem a meta de vacinar, neste primeiro momento:

  • 254,2 mil profissionais da saúde;
  • 3,4 mil idosos institucionalizados;
  • 20 mil indígenas;
  • 341,8 mil idosos acima de 75 anos.

Desses, foram vacinados, em primeira dose, até esta quinta-feira (18), segundo o Vacinômetro: 

  • 141,3 mil profissionais da saúde (55,9%); 
  • 2 mil idosos institucionalizados (61,1%); 
  • 86,8 mil idosos acima de 75 anos (25,4%);
  • Todos os indígenas (100%).  

Fonte: Vacinômetro. Atualização às 12h de 18/02/2021.