A pouco mais de um mês do réveillon, o cenário ainda é incerto quanto à realização de grandes festas no Ceará, principalmente após o governador Camilo Santana se posicionar contra. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o ex-secretário da Saúde, Dr. Cabeto, alertou: permitir aglomerações sem, no mínimo, 70% da população imunizada é “imprudente”.
O médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) esteve à frente da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) por 2 anos e sete meses, e aponta que um dos principais “aprendizados” das autoridades sanitárias foi que “quando se lida com Covid, é preciso tomar cada decisão em cada tempo”.
Ninguém está livre de aparecer uma cepa mais resistente, de rápida disseminação. Não parece ser o que está acontecendo, mas prudência é fundamental. manter o uso de máscara e evitar aglomerações é indispensável.
Questionado sobre a segurança da possível realização de festas de Carnaval em 2022, Dr. Cabeto reforçou que a imprevisibilidade da Covid não permite adiantar conclusões. “O Carnaval vai acontecer entre fevereiro e março do ano que vem, não deve ser pautado agora”, complementa.
Além disso, Dr. Cabeto destacou que as preocupações do momento devem ser duas: a quantidade de pessoas não vacinadas e o “alto percentual de idosos que não foram tomar a dose de reforço”.
Precisamos ficar atentos à epidemia dos não vacinados. Temos que ter pelo menos 70% da população com as duas doses da vacina. Liberar tudo sem esses cuidados pode ser prejuízo, lá na frente, à economia do Estado.
O ex-secretário mencionou, ainda, reconhecer que, para estados como Rio de Janeiro, por exemplo, “que tem uma indústria do Carnaval, importante para a economia, cancelar é uma decisão difícil – mas não é o caso do Ceará”.
“Não vacinados são maioria entre internados”
Para Dr. Cabeto, manter investidas para ampliar a vacinação contra a Covid no Ceará é prioridade. Segundo ele, “alguns municípios cearenses estão com discreto aumento de casos, justamente os que estão com menor índice de vacinação”.
O médico revela que pessoas que adoecem de Covid mesmo já vacinadas são, em geral, os casos mais leves – os mais graves, que exigem internação, estão entre os mais de 30% que ainda não tomaram as duas doses do imunizante.
“Alguns países estão colocando que essa é a epidemia dos não vacinados, mas eu não acredito que o Ceará vai viver uma onda dessas. Com prudência, a gente não vai ver isso”, pontua.