Em 2021, até o dia 26 de junho, o Ceará acumula 11 casos de zika vírus em gestantes, de acordo com a planilha de notificação semanal da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). O número já é quase o dobro do registrado em todo o ano de 2020, que teve seis confirmações.
O zika é um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da febre chikungunya, e foi responsável por um surto de casos de microcefalia na região Nordeste. Contudo, nem toda infecção leva à má-formação.
A Sesa informou que, apesar de crescente, o número está dentro do esperado para o período. “A sazonalidade das arboviroses ocorre no primeiro semestre, logo a maior proporção de casos ocorre neste período em relação aos outros meses do ano”, destaca.
A vigilância epidemiológica da Pasta também segue atenta às variações de tendência, detalhando que há baixa circulação no Estado. A incidência atual é de 7,1 casos para cada 100 mil habitantes, inferior ao parâmetro do Ministério da Saúde (MS) que já considera “baixas” incidências menores que 100 casos por 100 mil habitantes.
Casos por município
No ano passado, foram notificados 732 casos suspeitos de zika, em 77 dos 184 dos municípios do Estado. Do total de casos notificados, 19,4% (142) foram confirmados. Não houve registro de óbito pela doença.
Já neste ano, foram 102 casos confirmados, o equivalente a 72% de 2020. Dos 11 casos em gestantes, nove estão na Região Metropolitana e dois no Vale do Jaguaribe. Confira as ocorrências por município:
- Fortaleza - 5
- Maranguape - 2
- Cascavel - 1
- Horizonte - 1
- Limoeiro do Norte - 1
- Pereiro - 1
Em relação aos casos gerais, além das gestantes, há registros em 36 municípios. O maior acúmulo de casos está em Maranguape, com 23 ocorrências, seguido por Viçosa do Ceará, com 12. Fortaleza e Quixeré têm oito, cada.
Segundo a plataforma IntegraSUS, até 5 de julho, foram notificados 648 casos suspeitos de zika vírus em todo o Estado (88% do total de 2020), principalmente nas regiões de saúde do Litoral Leste (245) e Fortaleza (239). As ocorrências passam por avaliação para confirmação.
Os sintomas da infecção por zika incluem manchas vermelhas em todo o corpo, olhos vermelhos (podendo haver secreção), febre baixa e dores pelo corpo e nas juntas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Cuidados extras
Grávida de 28 semanas de Louise, a operadora de micro Andreza Vasconcelos, 28, não esqueceu dos cuidados contra a doença que afetou tantas famílias cearenses há alguns anos. A rotina de passar repelente contra o mosquito se soma às precauções contra a Covid-19.
Como moro em apartamento, essa questão da zika eu não tenho tanta preocupação porque passo mais tempo em casa. Quando saio, passo repelente na perna e no braço, mesmo estando de calça jeans ou legging. Já na questão da Covid, uso máscara, sempre ando com álcool em gel e um borrifador para limpar uma cadeira ou mesa de restaurante, porque sei que às vezes não limpam.
Segundo o Ministério da Saúde e a Sesa, além dos cuidados individuais, a prevenção ao zika, à chikungunya e à dengue passa pelo controle vetorial do Aedes Aegypti, com a eliminação de possíveis criadouros do mosquito em residências e ambientes de trabalho, “evitando sempre acúmulo de água em depósitos desprotegidos”.
Tratamento permanente
No Ceará, os primeiros casos de síndrome congênita associada à infecção pelo zika foram identificados em outubro de 2015. Daquele ano até 2020, foram confirmadas 175 ocorrências no Ceará, conforme o Registro de Eventos em Saúde Pública, do MS.
Os registros mais graves desaceleraram nos últimos três anos. Em 2019, por exemplo, foram confirmados três casos de zika em gestantes, mas nenhum de síndrome congênita, de acordo com a Sesa.
Crianças diagnosticadas com microcefalia podem ter o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva prejudicadas, por isso necessitam de serviços especializados de reabilitação.
Atualmente, o Estado oferta atendimento em 20 Núcleos de Estimulação Precoce (NEPs), voltados a bebês e crianças com atrasos no desenvolvimento, com assistência de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e neuropediatras, entre outras especialidades.
O paciente precisa ser encaminhado às policlínicas regionais pelo posto de saúde do município ou transferido de outra unidade.