Especial Falas Negras, da TV Globo, simulará tribunal de julgamento para testar jurados

Episódio reproduzirá tribunal a partir da discussão sobre reconhecimento fotográfico de pessoas negras em investigações

O especial Falas Negras, exibido pela TV Globo nesta quarta-feira (20), terá como objetivo levantar debate sobre o reconhecimento fotográfico de pessoas em investigações. O formato da vez, desenvolvido para o Dia da Consciência Negra, terá um tribunal para o julgamento de casos que envolvem jovens negros, mas todos os que passam pela sessão são atores, exceto os jurados.

A ideia do especial partiu de uma pesquisa do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege) e da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ). Em 2021, dados apontaram que 83% dos presos injustamente por reconhecimento fotográfico são negros. O estudo ainda mostrou que o perfil dos acusados é, na maioria dos casos, constituído por jovens pardos ou pretos, conforme a definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Clayton Nascimento, roteirista e apresentador do especial, “poderia ser um primo, um vizinho” ou até ele mesmo. “Achei a porcentagem tão alta! É a partir dessa informação que surge a necessidade de transformar o assunto em arte, criação. Nasceu assim o ‘Falas Negras’ de 2024”, explica.

Para a co-criadora e diretora artística do projeto, Antonia Prado, as pesquisas para o especial foram surpreendentes.

“Ao estudar e pesquisar o assunto, percebemos que existe um mecanismo comumente utilizado na acusação desses jovens, chamado ‘catálogo de suspeitos’, que nada mais é que um livro presente nas delegacias com fotos de pessoas, em sua maioria jovens negros”, comenta.

O episódio, então, deve mostrar como se desenrolam os trâmites processuais, ouvindo também autoridades que discutem a validade do reconhecimento fotográfico de suspeitos.

O Falas Negras 2024 foi criado por Clayton Nascimento e Antonia Prado, escrito também por ele e Mariana Jaspe. A direção artística é de Antonia Prado, direção de Felipe Herzog e Clayton Nascimento e direção de gênero de Mariano Boni. Além disso, a produção é de Ana Luisa Miranda e Fernanda Neves.