Depois de vivenciar um início de ano trágico com a segunda onda da Covid-19, o Ceará atravessa atualmente um momento de redução importante de novos casos da doença, sobretudo pelo avanço no processo de vacinação em todas as faixas etárias da população.
Segundo a plataforma IntegraSUS, o Estado vivenciou a 10ª semana seguida de diminuição nas confirmações entre os dias 25 e 31 de julho. Foram contabilizados 1.094 casos, contra 30.600 do período entre 16 e 22 de maio, o último com maior número. A queda foi de 96%.
Os dados ainda são parciais e devem ser atualizados devido a notificações tardias, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Porém, o IntegraSUS avalia que há risco baixo para a positividade de novos testes. Atualmente, ela está em 11,63%, ou seja, a cada 100 testes, apenas 11 dão positivo.
As análises epidemiológicas da Secretaria também apontam para uma relação inversamente proporcional entre a redução de casos e o aumento da população vacinada. Portanto, quanto mais imunizados, menos casos, confirmando a eficácia da medida.
Confira o painel, atualizado até o dia 27 de julho:
Virada em maio
Conforme os registros, a tendência de casos começou a se inverter a partir da metade de maio, entre a população de 60 a 90 anos. Não por coincidência: mais vulneráveis aos efeitos da doença, os idosos foram os primeiros grupos prioritários no Estado.
Também a partir do fim de maio, a redução passou a atingir também as faixas mais jovens, de 30 a 60 anos. Atualmente, a maioria dos municípios ainda deve entrar na etapa de vacinar os jovens abaixo de 30 anos, mas o processo depende da disponibilidade de doses.
Até o dia 29 de julho, foram vacinadas 3.829.128 pessoas com a primeira dose no Ceará, de acordo com o vacinômetro estadual. No mesmo período, 1.460.238 receberam a dose de reforço, e 147.601 tomaram a dose única da Janssen.
Cuidados mantidos
O imunologista Edson Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), demonstra apreensão com a nova variante Delta, já identificada no Ceará. Das vacinas disponíveis no Estado, Pfizer e Astrazeneca já tiveram eficácia comprovada contra ela. Coronavac e Janssen ainda passam por estudos.
O especialista explica que a Delta é pelo menos duas vezes mais transmissível do que a cepa original, por isso é preciso manter as medidas de prevenção já conhecidas, como uso de máscaras e álcool em gel, e acelerar o ritmo de vacinação.
A questão da mortalidade a gente não sabe ainda, mas há uma preocupação, visto que estamos em um momento de retorno das atividades econômicas, de abertura, de contato maior entre pessoas e, se você tem uma variante que é mais contagiosa, ela pode muito rapidamente elevar o número dos casos e isso fatalmente impactará nos serviços de saúde”
Quais os sintomas da variante Delta?
Conforme o pesquisador David Straim, da faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, os sintomas desta cepa são muito semelhantes ao de uma gripe.
Já o chefe do Centro de Medicina Social da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Delhi, Rajib Dasgupta, conta que também não é possível distingui-la das demais variantes da Covid-19.
"Todas as infecções causadas pela Covid começam como uma doença viral leve", explicou ele em entrevista concedida ao portal G1.
Apesar dos sintomas semelhantes, faixas etárias distintas podem sentir a variante de formas diferentes. Em crianças, por exemplo, diarreia, coriza, febre e mal-estar são os sintomas mais comuns.
Em adultos e idosos, eles ainda podem surgir por meio dos sintomas comuns da Covid-19, como falta de ar ou tosse.