A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última quinta-feira (31), o pedido feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de importação excepcional de 2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 produzida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca.
A importação é excepcional porque o imunizante ainda não foi submetido à autorização de uso emergencial ou registro sanitário. No pedido feito pela Fiocruz, a indicação é que as vacinas cheguem ao país ainda em janeiro.
O laboratório brasileiro ainda informou à Anvisa pedirá o aval para uso emergencial do produto na próxima semana. No último dia 23 de outubro, a Anvisa autorizou a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, imunizante elaborado pelo laboratório chinês Sinovac e, no Brasil, pelo Instituto Butantan.
Em 30 de dezembro, o Reino Unido autorizou o uso emergencial da vacina de Oxford/AstraZeneca contra o novo coronavírus, em regime de aplicação de duas doses completas, com intervalo de um a três meses.
Ofícios
Nos ofícios enviados à Anvisa, a Fiocruz não informa quantas pessoas pretende imunizar a partir dos dois milhões de doses, nem a data prevista para o início da campanha. O Ministério da Saúde afirma que, no melhor cenário, a vacinação começa em 20 de janeiro no país.
A Anvisa estima que avaliará pedidos de uso emergencial de vacinas em no máximo dez dias. A diretora responsável pela área de vacinas, Meiruze Fritas, disse, em entrevista ao Estadão, que o aval pode ser dado até mais cedo, pois serão considerados os dados já apresentados pelas farmacêuticas. Com esta permissão, é possível começar a vacinação em grupos restritos pelo SUS, como de profissionais de saúde ou idosos.
Investimento
A vacina que será fabricada na Fiocruz é a aposta do governo Jair Bolsonaro contra a covid-19. A ideia é distribuir 210,4 milhões de doses em 2021, que serviriam para imunizar mais de 105 milhões de pessoas. O governo investiu cerca de R$ 2 bilhões para a compra de doses e transferência de tecnologia para a Fiocruz.
No plano nacional de imunização, o governo prevê aplicar doses desta vacina em cerca de 50 milhões de brasileiros de grupos prioritários ainda no primeiro semestre.
AstraZeneca/Oxford
A vacina ChAdOx1, em desenvolvimento pela farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, está com fases combinadas: o período 2 e 3 acontece na Inglaterra e Índia, enquanto Brasil, África do Sul e Estados Unidos vacinam para a fase 3.
Após suspender os testes por suspeitas de reações adversas em uma paciente no dia 8 de setembro, a farmacêutica retomou a testagem em 12 de setembro. No Brasil, a Anvisa também autorizou a retomada.
Esta vacina experimental foi a primeira a ser autorizada pela Anvisa para testes no Brasil, em junho. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou acordo com a biofarmacêutica AstraZeneca pela transferência de tecnologia para a produção no País.
Em 2 de dezembro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o Brasil vai começar a receber em janeiro de 2021 um lote de 15 milhões de doses da vacina do laboratório.
Em 8 de dezembro, a vacina foi a primeira a ter resultados preliminares de fase 3 de testes divulgados por uma revista científica. Os dados foram publicados na "The Lancet", uma das mais importantes do mundo.
Em 17 de dezembro, o governador Camilo Santana (PT) disse que o lote de 1,7 milhão de doses de vacina contra a Covid-19 que deve ser enviado ao Ceará no primeiro semestre de 2021 deverá ser do imunizante em desenvolvimento pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca.