As cidades do interior do Ceará atingidas pelas fortes chuvas nas últimas semanas tentam se organizar para garantir recursos extras voltados aos reparos necessários após danos causados pela chuva e apoiar a população depois das enchentes.
Embora ainda não tenham formalizado nenhum pedido, os gestores de cidades que já decretaram situação de emergência buscam apoio para refazer: casas derrubadas, estradas rompidas e transporte escolar público afetado pelas chuvas dos últimos dias.
Apesar da movimentação, segundo o diretor de Relações Institucionais da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito Nascimento, não há, ainda, iniciativa conjunta de articulação com o Governo do Estado e Governo Federal.
Inicialmente, as prefeituras das cidades impactadas estão fazendo os levantamentos necessários para mensurar dano e perdas geradas pelas chuvas. Os relatórios serão entregues à Defesa Civil, por meio de uma plataforma digital.
Após aprovação e homologação, deverá sair a confirmação dos recursos enviados para cada administração municipal.
"Nesse momento, cada cidade está vivendo um momento diferente, até porque tivemos momentos de seca ou muita chuva, e alagamentos. Está sendo muito diferente para cada local", disse Expedito.
"Não temos um quadro real ainda porque ainda está chovendo, então cada município está vivendo uma realidade. A Defesa Civil vai se reunir com cada cidade e então avaliar as necessidades para pautar o envio desses recursos. A Aprece fica sendo mediador para orientar e fornecer o passo a passo desses processos nesse momento", completou.
Preparando uma iniciativa
Apesar dessa ação individual, neste momento, o diretor da Aprece destacou que, quando o pleito de todos os municípios chegar à Defesa Civil, e as informações chegarem ao Governo do Estado, deverá, então, ser preparada um ação conjunta. O objetivo deverá ser garantir recursos e apoio junto ao Governo Federal.
"Tem município que foi mais afetado na zona rural, outros foi a sede, e ainda temos a questão de infraestrutura e educação, então cada município vai levar a situação e decretar estado de emergência ou calamidade. A demanda será levada para o Estado, depois para o Governo Federal, para depois ser organizado o repasse", completou o diretor.
Uruburetama
A perspectiva de ação individual foi confirmada pelo prefeito de Uruburetama, Aldir Chaves, que confirmou o repasse de informação para a Defesa Civil. A gestão, agora, espera uma aprovação da demanda para receber recursos para reparação de estradas na região serrana e reconstrução de casas.
Segundo análise da Prefeitura, serão necessários R$ 400 mil para recuperar as vias de acesso a algumas regiões, além de R$ 25 mil para cada uma das casas destruídas pela força das chuvas.
Aldir, contudo, ainda relatou o medo na cidade por conta da continuidade da quadra chuvosa, que tende a ser mais rigorosa entre março e abril. A gestão local deve permanecer o próximo mês sob alerta para novas chuvas e possíveis enchentes, mantendo contato com a Defesa Civil para novas ações de suporte.
"Esses recursos têm um sistema da Defesa Civil, que é integrado entre Estado e Governo Federal. A gente preenche todos os requisitos, e quando eles homologarem, eles informam o que deve ser repassado ao município. Mas o nosso período mais pesado é março e abril, então está todo mundo em alerta, para estarmos prontos para atender a população no caso de novas chuvas", explicou Chaves.
Articulações em Brasília
Algumas prefeituras também estão buscando apoio dos parlamentares em Brasília de forma direta para conseguir recursos focados no processo de recuperação das cidades.
No próximo dia 10 de abril, o prefeito de Uruburetama deverá visitar a senadora Augusta Brito (CE) para discutir pautas de apoio aos municípios no Ceará. Além disso, o prefeito de Pedra Branca já está na capital para pedir cestas básicas e outros mantimentos para região Centro-Sul. A informação foi confirmada pelo prefeito de Piquet Carneiro, Bismark Bezerra.
Ele também relatou estar elaborando o relatório individual de danos à Defesa Civil para garantir recursos de apoio.
"Nós já estamos fazendo um levantamento em Piquet Carneiro, e estamos acompanhando a situação em Senador Pompeu e Milhã, em relação à dificuldade que os municípios da região tiveram com perdas materiais causadas pelas chuvas. Piquet Carneiro, embora tenha tido um problema sério com um servidor público, nós não tivemos casas destruídas, alagamentos na cidade, mas tivemos o sucateamento das estradas na área rural", relatou.
"Estamos com mais de 40% da nossa frota escolar sem funcionar hoje, quase uma semana depois das chuvas, mas estamos em contato com o Governo do Estado, e estamos confiantes que o Estado está presente e acompanhando a situação. O governador Elmano esteve na região, dando suporte aos municípios", completou.