Um edifício centenário, que já abrigou uma família influente e um museu com a história das seca no Ceará, deve passar por mudanças importantes em breve. O Palacete do Coronel Carvalho Motta, no Centro de Fortaleza, se tornará um novo centro de atendimento a trabalhadores e pessoas em busca de emprego, após cessão do imóvel da União ao Governo do Estado.
O anúncio foi feito via redes sociais pelo titular da Superintendência do Patrimônio da União no Ceará (SPU-CE), Fábio Galvão, junto ao secretário executivo do Trabalho e Empreendedorismo do Ceará, Renan Ridley, na tarde desta quinta-feira (5).
Segundo Galvão, a cessão do patrimônio histórico atende ao programa nacional de democratização dos imóveis do Governo Federal. Assim, as entidades beneficiadas passam a zelar pelo local, que também passa a servir “para o bem comum de todos”.
Já Renan Ridley destacou a parceria e afirmou que o novo empreendimento deve sediar uma Casa do Trabalhador, com atendimentos relacionados ao Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Renan informou que a Casa também poderá oferecer diversos serviços em parceria com outras instituições, como laboratório de informática, qualificação e orientação ao trabalhador e ações de fomento ao empreendedorismo. O secretário também detalhou a necessidade de reforma de parte da estrutura.
"Se você vê por fora, o prédio está muito desgastado, mas estruturalmente não. Vamos precisar de uma boa reforma e já estamos em processo de licitar. A ideia é que a gente consiga ter essa licitação pronta até o final do ano e a gente comece aí, ainda esse ano, algumas ações de adequação", explica.
História do Palacete
Localizado na esquina das ruas Pedro Pereira e General Sampaio, o palacete de dois andares foi construído em 1907 para servir de residência para a família do Coronel Antônio Frederico de Carvalho Motta (1856-1927), militar natural de Granja que chegou a ser governador do Ceará.
Em 1909, o solar foi alugado à Inspetoria de Obras Contra as Secas (Iocs), que o compraria definitivamente em 1915. O Iocs se transformou em Dnocs e ocupou o prédio até o fim da década de 1970, quando as atividades foram transferidas para a sede da Avenida Duque de Caxias.
Em 1983, as características arquitetônicas ecléticas e seu valor histórico motivaram o tombamento a nível federal em 1º de maio de 1983 - coincidentemente, data que marca o Dia do Trabalhador.
Naquele mesmo ano, o imóvel foi restaurado com base em projeto elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para receber o Museu das Secas, que abrigou um grande acervo de fotografias, plantas de açudes e equipamentos sobre a seca no Nordeste.
O espaço foi fechado ao público em 2003 e, ao longo de mais de duas décadas, foi bastante desgastado pelo tempo. Em 2020, o prédio foi incluído no Programa Revive, do Ministério do Turismo (MTur), com a possibilidade de receber investimentos por meio de parceria público-privada. No entanto, o plano não saiu do papel.