Diário do Nordeste

Pais pedem na Justiça revisão da correção de prova de seleção do Colégio da PM em Fortaleza

Famílias denunciam que candidatos que erraram os mesmos itens tiveram notas diferentes; decisão judicial determina nova correção

Escrito por
Theyse Viana theyse.viana@svm.com.br
Fachada do Colégio da PM do Ceará Edgard Facó

O processo de seleção de novos estudantes para o 1º Colégio da Polícia Militar do Ceará General Edgard Facó, no bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza, está envolto em um impasse que levou pais a entrarem na Justiça contra a instituição: eles denunciam quebra de isonomia na correção das provas.

As denúncias apontam que alunos erraram os mesmos itens em algumas questões, mas tiveram avaliações distintas pela banca: uns ganharam escores equivalentes aos acertos, enquanto outros tiveram a questão inteira classificada como errada.

Até essa sexta-feira (24), pelo menos cinco famílias ingressaram na Justiça contra o colégio, e duas delas já conseguiram liminares que determinam uma nova correção das provas. As decisões foram expedidas nos dias 21 e 22 deste mês pela juíza Mabel Viana Maciel, da 3ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza.

O advogado Oswaldo Cardoso, que representa as famílias, afirma que “os pais começaram a conversar entre si e perceberam que as provas de algumas crianças foram corrigidas com escore, e outras não”. O edital da seleção apontava que cada questão valeria “a quantidade de escores correspondente à complexidade de informações exigidas no cartão resposta”.

Um dos estudantes, que não será identificado, errou a grafia de uma entre cinco palavras que precisava escrever em uma questão, e teve todo o item considerado incorreto. Enquanto isso, outra candidata cometeu erro idêntico, mas teve a questão considerada correta. A mesma conduta se repetiu na questão seguinte.

“A banca, no meio da seleção, afirmou que não ia corrigir os escores. Mas estava no edital que seria. Mudaram a regra no meio do jogo, o que não pode”, afirma o advogado.

O edital da seleção previa a quantidade de escores que cada questão valeria, e delimitava que cada um deles acrescentaria 0,25 ponto à nota do candidato.

Nas decisões liminares, a magistrada da 3ª Vara da Infância e Juventude não determina que os estudantes sejam matriculados, “pois não há comprovação de que teriam tal direito”, e sim que tenham as provas corrigidas novamente, “devendo ser utilizada a mesma técnica de correção aplicada para outros candidatos”.

Caso atinjam a nota de corte, as crianças devem ser “reposicionadas” no concurso, ascendendo a uma vaga. O advogado Oswaldo Cardoso explica, porém, que caso isso ocorra, os aprovados já matriculados não serão prejudicados.

O que diz o Colégio da Polícia Militar

O Diário do Nordeste buscou o 1º Colégio da Polícia Militar do Ceará General Edgard Facó para obter um posicionamento sobre o assunto, entender se houve erro por parte da banca avaliadora e saber quais providências devem ser tomadas diante do exposto.

Em nota, a Polícia Militar do Ceará (PMCE), por meio da Coordenadoria dos Colégios da Polícia Militar do Ceará (CCPM), informou que a organização do certame é conduzida por uma banca terceirizada, “contratada por meio de processo licitatório”. 

O órgão acrescentou que “a comissão gestora das Unidades de Ensino acompanha o fato e já solicitou posicionamento oficial da empresa”, reafirmando “o compromisso dos Colégios da PMCE com a transparência e a condução do processo seletivo em conformidade com a legislação vigente”.

A reportagem solicitou posicionamento à empresa terceirizada e ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) sobre o assunto, e aguarda retorno.

Como foram as provas

Os candidatos a vagas no colégio foram avaliados por meio de uma prova objetiva. Para o 1º ano do Ensino Fundamental, porém, foi aplicada uma sondagem de habilidades cognitivas, baseada em questões subjetivas (que não são de múltipla escolha): 10 de português, 10 de matemática.

As provas foram realizadas em dezembro, e a matrícula foi programada para o início deste mês de janeiro.