Diário do Nordeste

Mais de 100 casos de importunação sexual foram registrados em ônibus de Fortaleza em 2024

Os dados são referentes ao primeiro semestre deste ano, que contabilizou 111 denúncias enviadas à plataforma pelas próprias vítimas ou testemunhas

Escrito por
Luana Severo luana.severo@svm.com.br
(Atualizado às 18:20, em 14 de Janeiro de 2025)
Mulheres dentro de ônibus de Fortaleza

No primeiro semestre deste ano, 111 denúncias foram protocoladas na ferramenta Nina, que registra ocorrências de importunação sexual no transporte público de Fortaleza. Com o dado, a plataforma chega ao total de 580 denúncias registradas desde seu lançamento, tendo sido 81% enviadas pelas próprias vítimas e 19% por testemunhas.

Segundo a Empresa de Transporte Urbano da Capital (Etufor), a maior parte das denunciantes, o equivalente a 79%, são mulheres entre 19 e 29 anos. E, entre as principais agressões sofridas ou presenciadas, estão os atos de encoxar ou apalpar a vítima — foram 235 denúncias só desse tipo de agressão.

Além dessas, 112 denúncias foram registradas como "outros" e outras 77 foram relatos de intimidação.

A legislação brasileira entende como "importunação sexual" praticar contra alguém e sem consentimento ato libidinoso para satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro. A pena é de prisão de um a cinco anos, se o ato não constituir crime ainda mais grave.

Embora a ferramenta comece a se popularizar entre as usuárias do transporte público da Cidade, a Etufor identificou um problema nas denúncias anônimas, que é a falta de informações complementares que ajudem a identificar os casos.

"Cerca de 35% das denúncias são incompletas, impossibilitando o resguardo de imagens e a inclusão dessas linhas em ações de políticas públicas de combate à importunação sexual", mencionou Rayana Mangueira, gestora da plataforma Nina 2.0 na Etufor.

Como denunciar casos de importunação sexual via Nina?

A plataforma Nina registra casos de importunação sexual dentro de veículos que compõem a frota do transporte público de Fortaleza.

Para denunciar, é preciso estar cadastrado na ferramenta por meio do WhatsApp (85 9 3300-7001) e fornecer o máximo possível de informações sobre o episódio, como o número do veículo, horário, linha, local e referências sobre roupas e outras características que facilitem a identificação dos agressores.

Denunciar para a Nina, no entanto, não substitui a formalização do registro de Boletim de Ocorrência (B.O) na delegacia. Só assim o caso será investigado pela Polícia e poderá ser aplicada a Lei da Importunação Sexual, em vigor desde 2018.

Ocorre que, enviando a denúncia para a Nina, é possível coletar imagens de câmeras de segurança que podem ser utilizadas como prova, caso a vítima decida prosseguir com a investigação junto à Polícia. "Orientamos que todos os usuários de ônibus façam o seu cadastro junto à plataforma", afirma Raimundo Rodrigues, presidente da Etufor.

Nina 2.0

A ferramenta Nina 2.0 foi lançada em setembro de 2022 pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Etufor, e em parceria com a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres, vinculada à Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), e à startup Nina.