O sonho da cerimônia de formatura do curso de Técnico de Enfermagem não seria completo para Maria Angelinda sem a presença do filho, Robert Willy. O jovem de 15 anos possui paralisia cerebral e requer cuidados de uma equipe multidisciplinar. Porém, apesar da limitação logística, o garoto conseguiu estar presente no evento, o que foi uma grande surpresa para a profissional de saúde.
A logística foi organizada por familiares e profissionais do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), que o acompanham desde o nascimento. Atualmente, ele apresenta um quadro estável de saúde, que o permite mantê-lo em casa fazendo uso de aparelhos para respirar e se alimentar.
Em casa, ele recebe atendimento do Hias através do Programa de Assistência Domiciliar (PAD). Esse programa garante visitas semanais, em que os profissionais costumam realizar a limpeza do aparelho e checar outras demandas eventuais. Como o caso de Robert requer muita atenção, a logística do transporte costuma ser delicada.
Foi por isso que Maria, de 39 anos, assumiu que o filho não conseguiria estar presente na cerimônia realizada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). A alegria de saber que ele viu esse seu sonho ser conquistado foi imensurável.
“O Robert faz tratamento no Albert Sabin desde o nascimento, e desde cedo soubemos que ele demandaria cuidados específicos, principalmente quando estivéssemos em casa. Por isso, meu filho sempre foi minha maior motivação para estar onde estou hoje, neste dia tão especial”.
Transporte com apoio de equipe multidisciplinar
A logística da homenagem para Maria foi pensada pelos familiares em parceria com os profissionais do Hias. Para fazer o transporte da casa deles até a Alece, foi necessário realizar uma pequena força-tarefa.
Como os aparelhos utilizados por Robert precisam de energia e cuidados especiais, o Hias destinou uma ambulância e uma equipe multidisciplinar para realizar o transporte.
Para Kaila Medeiros, médica do Albert Sabin e coordenadora do PAD, a iniciativa é essencial para reintegrar o paciente não apenas ao ambiente familiar, mas ao convívio social.
"Com o apoio de uma equipe composta por assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos e nutricionistas, pacientes como o Robert recebem um acompanhamento para garantir a qualidade de vida”.
'Amor é inexplicável'
O amor por Robert moveu Maria e o marido, Robério Abrantes, de 45 anos, em diferentes momentos de suas vidas. Há cerca de oito anos, por exemplo, saíram de Tauá e decidiram se mudar definitivamente para Fortaleza, a fim garantir a Robert um acesso mais facilitado à assistência de saúde especializada.
Para sustentar a família, Robério vende picolés ao redor do hospital. “Eu trabalhava vendendo picolés para garantir o sustento, mas tive que parar para cuidar do Robert e para que a Maria pudesse estudar. Esse movimento foi extremamente importante porque, quando estamos em casa, somos nós quem cuidamos dele. O amor que eu sinto pelo meu filho é inexplicável", afirmou Robério.
Além disso, foi depois de Robert que Maria encontrou a motivação para estudar. Agora, como técnica de enfermagem, esperar dar uma maior assistência ao filho.