O processo, que começou a ser idealizado ainda no 9º ano do ensino fundamental, em 2021, teve um desfecho positivo em dezembro de 2024: a estudante cearense Maria Clara Souza Rocha, de 19 anos, que desde o ensino fundamental é aluna do Colégio Militar de Fortaleza, foi aprovada para cursar graduação na Universidade de Harvard, sediada nos Estados Unidos.
A instituições é uma das mais prestigiadas do mundo. Foi lá que os presidentes norte-americanos John Kennedy, George W. Bush e Barack Obama, dentre outras figuras públicas expressivas, estudaram.
O resultado da aprovação na Universidade de Harvard, relata Maria Clara Souza, chegou nas primeiras semanas de dezembro. Um comunicado enviado por e-mail pelo Comitê de Admissões da instituição informou a aprovação da estudante, moradora do bairro Papicu, em Fortaleza, e egressa da rede pública federal. No entanto, os esforços para a adesão na instituição norte-americana começaram muito antes.
A forma de escolha da futura formação nos Estados Unidos é diferente do modelo brasileiro. Para estudar em Harvard, Maria Clara selecionou uma área de interesse e no primeiro ano deve ter uma série de disciplinas de temas amplos dentro da área de relações internacionais. Já no segundo ano, ela, de fato, escolherá qual curso seguirá.
Para conseguir ser admitida em Harvard, a cearense teve que atender uma série de critérios previstos no modelo de seleção norte-americano. Logo, explica, “não bastava o desempenho na sala de aula”, tampouco as realizações “só” do 3º ano do Ensino Médio cursado em 2024. Foi preciso comprovar a participação em uma série de atividades como debates e conferências juvenis. Outro ponto é o domínio da língua inglesa que, segundo ela, desde o fundamental já era foco de seus aprendizados e treinamentos.
As demandas do processo seletivo incluem:
- Um teste padronizado - Scholastic Aptitude Test (SAT), uma espécie de “prova” de admissão;
- Um teste de proficiência de língua inglesa;
- O cadastro do currículo no qual constam participações em diversas atividades extra-sala, como conferências e olimpíadas;
- A elaboração de redações contando a própria história de vida e;
- O envio de cartas de recomendações da escola e dos professores.
Tudo isso, explica a estudante, foi feito no decorrer de 2024 e cadastrado em uma plataforma virtual até outubro de 2024. A prova de admissão com 54 questões de inglês e 44 de matemática foi realizada em agosto do ano passado. Esse teste é gerenciado por uma instituição norte-americana e foi aplicado em Fortaleza, em uma universidade particular.
Escolha por estudar no exterior
Filha de um economista autônomo e de uma enfermeira, Clara relembra que desde 2018 estuda no Colégio Militar e ingressou via seleção. Desde o ensino fundamental, garante, tinha vontade de trilhar carreira em uma universidade internacional.
“A primeira parte que me chama atenção (na Universidade de Harvard) é o modelo educacional (do ensino superior) dos Estados Unidos. Tem a oportunidade de explorar algo mais amplo, depois seguir para onde você quer realmente focar. Outra coisa é que eu acho muito interessante que são universidades internacionais. Professores de outros países e alunos também. Diferenças de cultura, de como as pessoas enxergam a vida, a política".
A Universidade de Harvard é uma das mais renomadas no mundo e foi fundada em 1636 na cidade de Cambridge, campus que é o mais conhecido da instituição e fica em uma área de forte presença universitária nos arredores de Boston.
Maria Clara detalha que no processo ganhou uma bolsa de 100%, que, segundo ela, cobrirá tanto a anuidade, quanto gastos com moradia e alimentação. “Não temos grandes preocupações com isso, pois no processo para admissão foram analisadas as necessidades financeiras. Fui contemplada com uma bolsa integral da própria instituição de cerca de 91 mil dólares por ano”, acrescenta.
A estudante cearense conta que viajará para ingressar na Universidade em agosto de 2025 e deverá passar 4 anos em formação.
“Os meus pais ficaram muito felizes. Foi uma jornada conseguir essa aprovação. No começo eles ficaram meio assustados. Mas, quando eles foram vendo tudo o que eu fui conquistando, eles foram ficando mais animados do que com medo”.
Trajetória da cearense
Em publicações nas redes sociais, o Colégio Militar de Fortaleza parabenizou a estudante. Na trajetória de Clara, conta ela, ingressou no Clube de Relações Internacionais da escola ainda no 9º ano do fundamental. No Ensino Médio foi escolhida para a diretoria do Clube e seguiu participando de diversas atividades envolvendo simulações diplomáticas e debates sobre problemas globais.
No Ensino Médio, em 2023, Maria Clara foi escolhida pela escola para representar o Sistema Colégio Militar do Brasil na Harvard Model United Nations (HMUN), que é uma conferência internacional que simula o modelo das Nações Unidas. O evento é organizado anualmente pela Universidade de Harvard e reúne jovens alunos de distintos países.
No Brasil, o Sistema Colégio Militar escolhe alunos para participar da iniciativa. Foi nesse movimento que Maria Clara viajou junto à delegação brasileira até a futura universidade. Em 2023, ela passou 15 dias nos Estados Unidos.
Ao Diário do Nordeste, o Colégio Militar de Fortaleza confirmou que enviou as cartas de recomendação à Harvard e que avalia o percurso de Maria Clara como excelente. “Muito dedicada aos estudos, integrada e participativa nas diversas atividades extracurriculares que o Colégio Militar de Fortaleza oferece”, completou.