Cerca de 2 mil casos de influenza A são confirmados em 3 meses no Ceará; vacina protege contra H3N2

Formas graves da doença também podem ser evitadas com imunizante que ganha maior relevância com baixa cobertura vacinal no último ano

A análise de pacientes com síndromes gripais mostra que 1.976 pessoas foram contaminados pela influenza A, entre janeiro e março, no Ceará. E as amostras evidenciam a predominância do subtipo H3N2 - associado ao surto de gripe no início deste ano e que pode ser combatido com a nova vacina.

Isso acontece em um contexto em que a última campanha contra a influenza atingiu apenas 76% do público-alvo, quando a meta era alcançar 90%. Essa foi a menor cobertura vacinal em 23 anos.

Como nem todos os pacientes gripados passam por teste quanto à subtipagem do vírus, não é possível afirmar quantas pessoas foram contaminadas pela H3N2, também conhecida como variante Darwin.

Ainda assim, as amostras analisadas identificaram apenas essa variante e, por isso, pode ser associado como o vírus predominante no Estado, como informa a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). 

“Hoje no Ceará nós temos, em sua grande maioria, a circulação do H3N2 e as unidades de saúde são informadas da circulação do vírus”, frisa Kelvia Borges, coordenadora da Célula de Imunização da Sesa.

Esse procedimento acontece porque a análise é muito custosa. As amostras são encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

Nós temos um painel viral, que é uma pesquisa nas unidades sentinelas onde se verifica qual vírus está circulando no nosso território. Nós temos 5 unidades no Ceará e quando diagnosticado o tipo de vírus circulando é que a gente lança estratégias e faz o manejo de acordo com isso
Kelvia Borges
Coordenadora da Célula de Imunização da Sesa

A soma da baixa cobertura vacinal com o aparecimento de uma nova forma do vírus da influenza causou o maior acometimento da população.

“O maior reflexo disso foi o surto que nós tivemos de influenza no final do ano passado. A gente tinha baixas coberturas e no final do ano a gente teve essa epidemia”, explica Kelvia Borges.

Consequências da baixa cobertura

O resultado desse contexto leva às complicações que poderiam ser evitadas com a imunização, como destaca a coordenadora.

“É claro que a gente considera também que era uma cepa diferente, mas com poucas pessoas imunizadas, tivemos um maior agravamento e maior hospitalização dessas pessoas”, contextualiza.

A gente espera que consigamos utilizar todas as doses nos grupos prioritários, porque são pessoas que tendem a hospitalizar, que tendem a ter influenza e precisar de uma assistência hospitalar maior. É para eles que a vacina é indicada
Kelvia Borges
Coordenadora da Célula de Imunização da Sesa

A estratégia de imunização fica a cargo de cada município, mas a Sesa realiza a distribuição e faz o apoio técnico para a execução.

“A gente convoca a população para estar presente nas unidades de saúde, atualize o calendário vacinal, para a gente evitar outras epidemias, outros surtos de doenças”, completa.

Formas graves da gripe

O Ceará, depois da baixa cobertura vacinal contra a gripe no último ano, registrou 305 casos graves e 83 mortes causadas por Influenza A em 2022, até o dia 26 de março, superando o total de 2021. Com o início da nova campanha de imunização contra a influenza, surge a oportunidade de mudar o quadro a partir desta segunda-feira (4).

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), forma mais delicada da doença, foi diagnosticada em 260 pacientes no último ano.

Isso significa que os 3 primeiros meses de 2022 foram suficientes para superar em 17,3% o total de 2021. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) solicitados pelo Diário do Nordeste.

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As vidas perdidas entre janeiro e março (83) também já superam a notificação de todo o ano passado, quando 67 pessoas morreram por causa de SRAG causada pela Influenza A.

“Quando se tem baixa cobertura, o vírus fica circulando e acometendo quem não está protegido. Se todo mundo fizer a vacinação, vamos ter menos gente acometida e transmitindo esse vírus”, como resumiu a pediatra Vanuza Chagas.