O dia a dia de estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) é atravessado, há anos, pela falta de professores em diversas disciplinas. A situação, que foi denunciada pelo Diário do Nordeste em dezembro de 2023, deve ser solucionada com a realização de concursos e seleções em 2025, como projeta o governador Elmano de Freitas (PT).
A afirmação foi feita durante entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, na última segunda-feira (11), ocasião em que o gestor reconheceu que as três universidades estaduais do Ceará – Uece, UVA e URCA – enfrentam o mesmo problema.
“Eu quero regularizar a situação dos nossos alunos. Já determinei que se alguma disciplina não tiver professor nós temos que resolver. Posso ter disciplinas que vagaram porque um professor se aposentou ou algo assim. Temos (déficit) nas três estaduais, pedi levantamento das três”, disse.
A declaração vem 5 meses após uma fala polêmica do governador, também em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste em junho deste ano, repercutir negativamente entre os docentes. Na ocasião, Elmano avaliou a então greve de professores como injusta politicamente, ao comparar o valor da remuneração deles com a renda da população do Ceará.
Já nesta semana, o governador explicou que o que vai determinar se a escolha dos docentes para ocupar os cargos vagos será por concurso ou seleção é a existência de certame em vigor em cada instituição. Na Uece, por exemplo, há professores aprovados para cadastro de reserva ainda em 2022, e que ainda não foram convocados.
É o caso de Jean Carlos, docente de Medicina. “Passamos por uma série de etapas, fomos homologados no Diário Oficial do Estado, e ainda dependemos de uma convocação. Nos cursos que os alunos mais reivindicam, temos mais de 300 professores aprovados aguardando”, pontuou, em entrevista à TV Verdes Mares.
Elmano reforça que a seleção pública é um trâmite mais rápido, executado “enquanto se avalia o cenário pra fazer concurso”. “Em virtude de não prejudicar o aluno, quero resolver”, conclui.
O chefe do Executivo estadual não detalhou as iniciativas, mas adiantou que solicitou um estudo de impacto dos custos para suprir a demanda de professores nas universidades estaduais. “Recebi o estudo nestes dias, pensei que era um impacto financeiro pequeno, mas não é. Se não me engano, são R$ 69 milhões”, estimou.
A pró-reitora de graduação da Uece, a professora Maria José Camelo Maciel, contabiliza que, em outubro deste ano, “foram nomeados 35 candidatos aprovados no cadastro de reserva no concurso público de professores, para preenchimento de vagas”.
Ela garante que “está em elaboração um novo edital para preenchimento de 52 vagas remanescentes dos concursos em 2022, e também estão em fase de contratação os candidatos aprovados na última seleção pública, 168 professores temporários e substitutos”. As informações foram dadas em entrevista à TV Verdes Mares.
Déficit de professores
Em dezembro de 2023, o Diário do Nordeste conversou com estudantes e questionou a própria Uece sobre o assunto. À época, discentes apontaram que havia cursos com cerca de 30 disciplinas sem professores, a exemplo da graduação em Matemática.
Em abril de 2024, a própria Uece divulgou o Censo de Carência Docente, apontando uma carência geral de cerca de 482 professores em diversos cursos, um aumento de 75 docentes em 3 anos, já que o censo de 2021 mostrava um déficit de 407 profissionais.
A graduação em situação mais grave é a de Medicina, na qual faltam 46 professores para completar o quadro. Em seguida, aparecem Enfermagem (24) e Educação Física (22). O levantamento completo foi disponibilizado pela Uece.