Bem diferente da índia que inspirou o romance clássico de José de Alencar, “Iraceminha” é uma menina extrovertida, de 5 anos de idade, “nascida e criada” na tribo Tabajara, no Ceará. O enredo da personagem está na websérie “Clube da Iraceminha”, feita por cineastas cearenses. Voltada ao público infantil de 0 a 3 anos de idade, a sequência de oito episódios estreia na próxima quarta (10), no You Tube Kids.
Idealizado pela cineasta Renata Freire, o projeto tem roteiro assinado por Andréa Calado; ilustração e design de Álvaro Oliveira; e edição de Matheus Mendes e Renan de Oliveira. Renata observa como as crianças têm tido acesso fácil a uma grande quantidade de conteúdos na Internet hoje, mas, ainda assim, elas estão exigentes na hora de escolher o que assistir.
Dessa forma, a cineasta destaca que “uma mega produção com efeitos especiais” não funciona tanto para prender o pequeno público. "Encontramos a qualidade necessária usando elementos visuais e sonoros de maneira divertida e criativa. E são esses os pontos que queremos desenvolver na série, abordando temas de forma lúdica e sensorial para cativar as crianças”, reflete ela.
Toda a equipe de criação da série convive com crianças na faixa etária do público-alvo da sequência, ou um pouco mais velhas. Renata Freire tem sobrinhos de 3, 4 anos, e os demais cineastas ainda têm irmãos de 5 a 10 anos de idade. A convivência intensa com a criançada, durante o período mais rígido de isolamento social, foi um dos impulsos pra criar a animação.
“Todos em volta acabavam assistindo e absorvendo o que eles viam. Enxergamos, então, um bom público para desenvolver histórias animadas. Não somente para entretenimento, mas também para construir o entendimento das crianças sobre a cultura indígena e principalmente a cearense”, sugere Renata.
Educação
A cineasta admite que sentia falta de conteúdos educativos e lúdicos baseados na própria história e formação do povo brasileiro. “Animar” Iracema, para a equipe da série, foi uma oportunidade de lançar luz às origens das próprias crianças - nascidas no País.
“A escolha da Iracema como protagonista parte, de maneira estratégica, para engajar não só as crianças, como também o público adulto que conheceu a personagem através da literatura na escola e depois não ouviram mais falar dela. Acreditamos ser importante dar discernimento sobre nossos aspectos culturais durante a infância”, defende Renata.
Atenção
Pais e responsáveis pelos cuidados de bebês de até 3 anos de idade sabem da dificuldade em prender a atenção dos pequenos frente à tela da TV ou dos dispositivos digitais.
Além das recomendações científicas a respeito das limitações à exposição desse público ao conteúdo (ver a nota abaixo), a produção artística para a infância envolve estímulos bem delicados para captar a sensibilidade dos pequenos. Confira cinco canais no You Tube dedicados a essa arte:
Canal ZiS
O canal do músico Hélio Ziskind, conhecido pelas composições da Turma do Cocoricó, traz a série “Boa noite” - uma playlist ideal para colocar os bebês pra dormir. Com canções de arranjos mais suaves e histórias delicadas, a exemplo da história do plantio do milho ou do céu dos índios, a sequência é uma ótima pedida para entreter as crianças, sem agitá-las.
Palavra Cantada
Paulo Tatit e Sandra Peres são autores de hits infantis criados ainda na década de 90, como a “Sopa”. Para as crianças menores, a dupla tem dado atenção a esse público, produzindo animações com personagens-bebês, como “Eu sou um bebezinho”, “Passeio do Bebê”, e “Sambinha da Fralda Molhada”. Todas estão na playlist “Bebezinho e Família”.
Meu Amigãozão
Voltado às crianças de até 7 anos, o canal é o oficial da série brasileira exibida na TV por assinatura, pelo Discovery Kids. A turma de Yuri, Lili, Matt e seus ‘amigãozões’ Golias, Nessa e Bongo diverte com histórias, ao mesmo tempo que trazem reflexões educativas para o público. Além dos episódios da televisão, há conteúdo exclusivo para o You Tube.
Show da Luna
A curiosidade científica é um estímulo comum às crianças pequenas e Luna encarna o personagem ideal para passar esse recado aos pequenos. Vendo a Terra como um gigante laboratório, ela tem um canal que, hoje, dentre as novidades, traz episódios em Libras e o registro de lives – o “hit” da produção de conteúdo na Internet pós-pandemia.
Ventos do Saber
Tocado pela Invento Produções Culturais (CE), o projeto de contação de histórias reúne um elenco de atores cearenses, versados na imaginação para estimular o público infantil. Paula Yemanjá, Edivaldo Batista e Tuti Gonçalves contam narrativas fáceis de assimilar, como o “Principezinho Mal Criado” e “Lêdo, o livrinho que queria ser lido”.
Recomendação:
Embora os pais tenham ficado limitados para manter as crianças em atividades fora de casa, desde o início da pandemia, o uso das telas segue restrito. Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), bebês com até dois anos de idade não deveriam ter acesso aos conteúdos digitais, sobretudo durante as refeições ou antes de dormir.
Para crianças de 2 a 5 anos de idade, o limite recomendado é de apenas uma hora diária. Acima dos 6 anos, a SBP recomenda que não haja contato com jogos violentos. E até os 10 anos, a organização sugere que nenhuma criança deve ter televisão ou computador no próprio quarto – a fim de evitar a exposição a conteúdos inapropriados.