Carnaval de novo, e Fortaleza se enche, se colore, se alegra. Entre festas públicas e privadas, manifestações tradicionais e contemporâneas, a cidade é eleita por muitos como lugar para ficar. Artistas e público em geral aquecem ruas, avenidas, praças e blocos, no movimento explícito de compartilhar folia. Tem som, reencontro e beleza. É algazarra querida.
Programação atenta a todos os gostos e energia diferenciada das pessoas são atributos apontados por quem escolheu a Capital como lar nesse período. O primeiro motivo merece destaque: com oito polos oficiais de diversão gratuita, além das iniciativas particulares, a Capital se torna naturalmente atrativo para não arredar pé.
Aterrinho da Praia de Iracema, Domingos Olímpio, Mercado da Aerolândia, Mercado dos Pinhões, Mocinha, Parque Rachel de Queiroz, Passeio Público e Praça João Gentil (Benfica) protagonizam alguns dos principais instantes de festa. Neste sábado (10), por exemplo, primeiro dia de Carnaval, a programação inclui diversas apresentações.
Luxo da Aldeia, no Benfica, e Bloco Mambembe, no Mercado dos Pinhões, além de shows de Márcia Fellipe e Zeca Baleiro, no Aterrinho, devem aflorar os ânimos. Na Domingos Olímpio, santuário da tradição momina fortalezense, desfiles de sete Maracatus aproximam brincantes de raízes culturais repletas de magia e cultura.
Para facilitar a vida do folião nesse roteiro tão extenso de atividades, o Diário do Nordeste lançou uma agenda com festividades públicas e privadas. A tabela, em constante atualização, disponível ao término desta matéria, é de fácil utilização e abraça todos os públicos.
Mais um motivo para ninguém ultrapassar o limite do município e permanecer no circuito de lazer e diversão.
Conectar-se à cidade
Não era assim antes, contudo. Se Fortaleza hoje é vista como destino inadiável, em outros tempos era comum os espaços ficarem inóspitos no Carnaval. “É muito perceptível essa virada – antes as pessoas viajavam, todo mundo ia para os carnavais de praia. Hoje em dia tem movimentação em vários bairros da cidade”, observa Di Ferreira.
Junto à própria banda, a atriz, cantora e musicista se apresentará em três dias de folia, e já tem data marcada para a ressaca do Carnaval, no dia 18. Também havia subido ao palco no Pré-Carnaval. Os shows – descritos por ela como “maravilhosos” – atestam a pluralidade dos festejos e tocam em outro ponto: neste ano, a coisa está ainda mais diferente.
Di menciona sobretudo o calor do público e a recepção do repertório dela – cuja proposta é apresentar canções não tão alinhadas aos ritmos carnavalescos tradicionais, embora repletas de gingado – como ênfase. “O Carnaval traz o compromisso com o direito à alegria. Tem uma coisa de você devolver para a sociedade um tanto da sua arte, fazer a roda girar”.
É também ferramenta para conectar-se melhor à cidade. Perceber o Centro de outra forma, juntar-se a outros grupos, apostar no coletivo. No posto de artista, isso é fundamental para Di – que realizará um sonho ao se apresentar na Praça da Gentilândia nessa época. “Realmente tô muito feliz”, dispara.
“Convivemos com várias questões por sermos artistas – pontos relacionados a precariedades, falta de investimento, de tempo e de energia. Ao mesmo tempo, me sinto muito viva sabendo que esse movimento carnavalesco vem junto às vivências culturais da cidade, suas felicidades, angústias e lugares. Espero que todo mundo chegue muito junto”.
A grande festa é aqui
Cantor da Superbanda, Pedro Fialho tem opinião semelhante. Para ele, o Carnaval da Capital é um dos mais divertidos do país. “Desde antes de virar um ‘operário da folia’, já passava o Carnaval aqui por opção mesmo. Temos bandas e festas para todos os gostos”, sublinha, pensando em tudo o que vem pela frente.
A Superbanda tem apresentações consecutivas até o dia 13, tanto em festas públicas quanto privadas. A programação do grupo, assim, é trabalhar bastante. Ao mesmo tempo, Pedro adianta que mesmo todo esse rojão não o impedirá de se jogar na multidão e aproveitar com amigos. Há programação pessoal para isso.
“O folião de Fortaleza nunca decepciona, e dá para sentir isso já no Pré-Carnaval. É uma época muito especial, é a preparação pra nossa copa do mundo, o esquenta perfeito, o começo da nossa troca de energia com a galera. A gente tá sentindo que o Carnaval já chegou faz tempo para o público. É como uma bomba de amor que tá pronta pra explodir”.
Tanto carinho lhe faz destacar o prazer de participar desse instante. É motivo de honra. “Tenho orgulho de estar desse lado e do lado da galera que transmite muito calor quando a gente tá no palco ou no meio da rua”, celebra.
Folião fiel
Para além dos artistas, tem muita gente que também não dispensa permanecer na cidade em meio ao fluxo momino. Melhor: chegam até de outras cidades. Edmar Galiza é desse grupo. Professor residente em Brasília, há dez anos desembarcou aqui para passar o Pré-Carnaval e nunca mais pensou em outro destino.
“Quando posso, venho para o Pré e para o próprio Carnaval. Percebo que a festa e a folia cresceram muito nos últimos anos. Quando vinha antigamente, morava no Rio Grande do Sul; hoje, moro em Brasília. A programação vai ser extensa”, adianta.
Um amor que puxou outro. Tudo começou devido a uma namorada que residia aqui, além de amigas e amigos. O que antes era brincadeira boba, nas palavras do folião, se tornou diversão séria. O calor e a alegria das pessoas e o fato de ser um Carnaval para todas as idades e pessoas passaram a enobrecer a experiência.
“As opções artísticas são muito ecléticas. Tem o bloco Pra Quem Gosta é Bom, o Maracatu Solar, Transnacionais, As Gata Pira, Mulher Barbada… E tem as pessoas. O Nordeste é meu país”, evidencia. E ainda engata: “Sou da América, sul da América, South America/ Eu sou a nata do lixo, sou do luxo da aldeia, sou do Ceará”.
Não sem motivo, quando questionado sobre o ponto preferido da festa, a resposta é rápida: o bloco Luxo da Aldeia. “Acho que ele mistura essa coisa do Carnaval de rua, mais tradicional, e, mesmo assim, é atual. Além disso, acontece nas praças da cidade”.
Edmar está preparado, e faz convite: é hora oportuna de viver Fortaleza.
Programação