Imortal, poeta, compositor e irmão de Marina Lima: conheça a trajetória de Antonio Cicero

Artista tinha 79 anos e faleceu na manhã desta quarta-feira (23), após morte assistida na Suíça

Desde a infância, Antonio Cicero era um apaixonado pelas palavras. Filho de piauienses nascido no Rio de Janeiro, ainda criança, escrevia poemas e se debruçava sobre diversos textos – mas foi por meio da irmã, a cantora Marina Lima, que viu seu trabalho ganhar o mundo.

Antonio teve uma parceria musical de mais de 50 anos com a cantora, que musicou várias de suas poesias e impulsionou sua carreira como compositor. O artista também era crítico literário e filósofo e se tornou conhecido pelas reflexões sobre poesia e sociedade.

Em 2017, Cicero foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira 27. Entre seus escritos mais conhecidos estão livros de poemas e ensaios, como “O Mundo Desde o Fim”, “A Cidade e os Livros” e “Finalidades sem Fim”, obra que foi finalista do Prêmio Jabuti em 2005, na categoria Teoria/Crítica Literária.

Grandes hits da MPB

Letrista responsável por dezenas de músicas que encantaram gerações de brasileiros, algumas das principais composições de Antonio foram feitas em parceria com a irmã, Marina Lima, como “Fullgás”, “À Francesa”, “A Chave do Mundo” e “Acontecimentos”, que se tornaram conhecidas na voz da artista.

Com Marina, também compôs “Maresia”, famosa na voz de Adriana Calcanhotto nos anos 2000. O artista ainda foi responsável pelo sucesso “O Último Romântico”, interpretado por Lulu Santos, além de ter parcerias com grandes nomes da MPB, como João Bosco, Orlando Morais e Waly Salomão.

Com estado de saúde “insuportável”, artista teve morte assistida

Antonio faleceu na manhã desta quarta-feira (23), na Suíça, por morte assistida, após anos convivendo com complicações do Alzheimer. A informação foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL). A morte assistida é comumente confundida com a eutanásia, práticas ilegais no Brasil. Entenda a diferença, aqui.

Nos últimos momentos, o artista estava ao lado do marido, o figurinista Marcelo Pies. Marcelo afirmou a pessoas próximas que Antonio planejava a morte assistida há algum tempo e deixou uma carta para os entes queridos. 

No comunicado, ele afirma que sua decisão aconteceu porque sua vida havia se tornado “insuportável” – o Alzheimer o impedia até de escrever e ler, “a coisa que mais gostava no mundo”.

Ao Globo, Marcelo Pies afirmou que Antonio pediu para ser cremado e ter as cinzas trazidas para o Brasil. O pedido do artista deve ser atendido nesta quinta-feira (24), quando Marcelo deve desembarcar no País.