Se você é cearense e assistiu ao filme “Cabras da Peste”, recém-lançado na Netflix, o nome “Guaramobim” pode ter soado familiar. Até parece uma mistura de Guaramiranga com Quixeramobim, dois dos 184 municípios de nosso Estado. No entanto, a cidade que serve de cenário para as aventuras de Bruceuilis (Edmilson Filho) é fictícia, ainda que as cenas tenham sido gravadas no Ceará, mais precisamente em Guanacés.
O distrito em questão pertence ao município de Cascavel, no litoral leste, a 68 km de Fortaleza. As gravações aconteceram por lá em dezembro de 2018, tendo como locação, por exemplo, a praça em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
O Festival da Rapadura, citado no filme, aliás, acontece realmente perto dali, no município de Pindoretama, com o nome de Festival Internacional da Cana-de-Açúcar. Em 2008, esse evento conseguiu produzir 1.800kg de rapadura e o feito chegou a ser registrado pelo Guiness Book.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o ator e comediante cearense Victor Alen, que interpreta o policial Toninho no filme, relembrou a experiência de gravar no distrito de Guanacés três anos atrás.
“Guanacés realmente é muito pequena. Quando você tava andando, era engraçado porque tinha muita coisa fechada, mesmo em horário comercial. A cidade realmente parece que estacionou no tempo. Ela é muito calma, muito tranquila. Tem a mesma vibe de Guaramobim. Não tem porque ficar agoniado ali”, analisa.
O ator evidencia, inclusive, que a construção do personagem que interpreta é atravessada por essa calmaria. “O Toninho se sente seguro na cidade. Você ser um guarda municipal, dormindo no meio do expediente, do lado de fora da delegacia, é porque você tá muito tranquilo, tá muito confortável com aquela situação. Ele vê a cidade dessa forma. Ele tá protegido ali dentro e isso é reforçado várias vezes pela fala da delegada (interpretada pela humorista Rossicléia), dizendo que ali não acontece nada. 'Se um der um tabefe na cara do outro vira nome de praça'”, conta entre risos.
População de Guanacés interagiu nas gravações no filme
Victor Alen lembra ainda da receptividade dos moradores de Guanacés, todos extremamente curiosos durante a gravação do longa-metragem. “Foi muito engraçado, porque o que acontece: um filme tá sendo gravado, isso já gera uma expectativa por parte da população. E quando a gente tava gravando as cenas, mesmo que fosse uma coisa meio pontual, uma pessoa saindo de uma casa, a cidade não entendia muito a dinâmica, mas queria ver, ela queria assistir”, recorda.
Em alguns momentos, essa curiosidade até foi desafiante para a equipe técnica.
“A cena em que o Bruce vai pra São Paulo, que ele tá entrando no ônibus, foi difícil de fazer. Tinha muita figuração, e a figuração, às vezes, ficava um pouco eufórica, passavam carros e o barulho dos motores influenciava na gravação. A gente tinha que parar e gravar de novo”, explica Victor.
Isso não impediu, no entanto, a boa relação do elenco com os moradores de Guanacés, que fizeram questão de registrar tudo em fotografias tiradas naquele período. “Muita gente da cidade, depois que o filme saiu, começou a postar fotos com a gente e isso é muito legal, muito bacana. É uma experiência nova pra cidade, com certeza, e pra gente também, ficamos muito felizes com o carinho”, finaliza.