Neste sábado (29), completam-se três meses desde que a escultura “Mulher Rendeira”, do artista pernambucano Corbiniano Lins, ficou aos pedaços após operários da Artflex Engenharia desmembrarem a obra a marretadas. A empresa havia sido contratada pelo Banco do Brasil para realizar uma reforma no local onde a obra ficava localizada.
Fragmentos do monumento foram resgatados e, na sequência, enviados para Recife. O processo de restauração da obra, contudo, segundo Chico Lins, filho de Corbiniano, ainda não iniciou.
“Enviamos a proposta de orçamento para o Banco do Brasil e a Artflex Engenharia no dia 6 de junho. O Banco do Brasil disse que ia pagar uma parte e a Artflex ia pagar outra, mas, até agora, a gente não tem um fechamento de nada. Não posso prospectar algo se já enviamos a proposta e ficaram de dar o ‘ok’, mas esse ‘ok’ ainda não chegou", afirma.
Em nota enviada ao Verso, o Banco do Brasil explica que os custos da reconstrução da obra estão a cargo da Artflex, tendo sido autorizados pela empresa, e que está providenciando a instrumentalização jurídica prévia necessária para o início da restauração da escultura às suas características originais. Também justifica que os valores deste traballho ainda não podem ser divulgados, pois passam por processo de formalização. Ainda assim, o BB estima que o retorno da obra ao local de origem – na agência do banco localizada na Praça do Carmo, Centro de Fortaleza – ocorra em dezembro deste ano.
Complexidade
Por sua vez, também em nota, a Artflex Engenharia, menciona que o contrato com Chico Lins está em andamento. De acordo com a empresa, o filho de Corbiniano informou sobre a complexidade do procedimento – que, inclusive, servirá para corrigir outros restauros realizados com técnica diferente da original. “Diante do quadro, fica difícil estabelecer um prazo concreto”, salienta o texto.
De fato, Chico situa que o restauro da escultura é um trabalho minucioso, já que as partes internas dela estavam danificadas. A estimativa, segundo ele, é de 60 dias para a realização do processo completo. “Isso porque a gente vai ter que refazer as partes internas e outras que não vieram. Ou seja, refazer quase toda a obra, já que os pedaços chegaram bem danificados”.
Por enquanto, as peças estão na oficina da família, em Recife. “A gente não pode mexer sem o ‘ok’ das empresas. Pedaços da obra estão sob nossa responsabilidade e a gente só pode começar a trabalhar, de fato, nela, com o aval das partes envolvidas”, reitera Chico.
A Artflex destaca que, enquanto o processo é otimizado, está sendo projetada uma pequena obra de revitalização da área que receberá a escultura. O objetivo é deixar a obra de Corbiniano Lins e a área em melhor estado do que antes do ocorrido.
Relembre o caso
Instalada no jardim da agência do Banco do Brasil localizada na Praça do Carmo, Centro da Capital, desde 1966, a escultura “Mulher Rendeira” ficou aos pedaços após os operários da empresa Artflex Engenharia, contratada pelo Banco para realizar uma reforma, desmembrarem-na a marretadas.
Destroços da obra foram resgatados pela arte-educador cearense José Viana, que tomou conhecimento do caso via denúncias nas redes sociais, na última sexta-feira de maio (29). De imediato, ele se deslocou até o local e conseguiu impedir que os destroços fossem enviados a um centro de reciclagem e vendido como entulho.
Desde o dia 3 de junho, o que sobrou da escultura está sob a guarda da família de Corbiniano Lins, em Pernambuco, para restauração e consequente retorno do monumento a Fortaleza.