Aprenda como montar um negócio com R$ 1 mil

Conheça o passo a passo e as áreas mais propícias para se começar um negócio com baixo investimento.

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(Atualizado às 16:26, em 31 de Agosto de 2020)

Para os que querem empreender e dispõem do valor inicial de R$ 1 mil, o primeiro grande passo (e o mais desafiador) é decidir que produto ou serviço será oferecido, avalia Silvana Parente, Vice-Presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) e doutora em Economia Popular e Solidária. 

Para isso, é fundamental identificar uma necessidade não atendida do consumidor, ou seja, se há mercado e quem vai comprar o produto ou serviço, ensina a gestora.

Neste ponto, há a escolha da atividade e a análise do que poderia ser feito de diferente, que precisa ser detalhada mais tarde. Silvana dá exemplos:

  • Vender lanche: que tipo de lanche? Onde? Na porta de hospital, de prédios públicos ou em filas de bancos?
  • Vender marmitas: para a vizinhança ou para porteiros de prédios? Como seria a entrega? É possível a associação com outro empreendedor do grupo?
  • Confecções de lembrancinhas para aniversário: se há mercado, como atingi-lo? Pela página no Facebook? Oferecendo para lojas especializadas com ponto de venda fixo?

Não é um 'bico'

Para Alice Mesquita, assessora executiva da Diretoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), o primeiro passo para montar um negócio com R$ 1 mil é tratá-lo como um negócio de fato, e não como um “bico”. 

“Pensar no produto e principalmente na venda, deixando claro qual é o seu público-alvo. Não pense que ‘todos’ podem ser seus clientes, é importante ter um foco definido, pois isso vai contribuir para a estratégia de vendas”, relata a assessora.

Tanto Alice quanto Silvana frisam a importância de se conhecer outras empresas que oferecem os mesmos produtos ou serviços. O objetivo é identificar qual será o seu diferencial, para que as pessoas passem a consumir de você, e não do concorrente. 

Próximos passos 

Depois das definições básicas do negócio, Alice Mesquita orienta a seguir algumas etapas:

  1. Encontre uma atividade com a qual se identifique ou que tenha alguma habilidade pessoal na qual deseja investir como negócio;
  2.  Identifique fornecedores com os quais possa negociar preço de compra, quantidade e prazo de pagamento para os casos de aquisição de produtos para revenda ou matéria-prima;
  3. Participe de cursos, palestras que tratem sobre empreendedorismo e gestão de negócios para estar preparado para o dia a dia do negócio. Independentemente do tamanho, é preciso conhecer sobre finanças, vendas, marketing, atendimento etc.

Esse é o momento do planejamento operacional e financeiro, argumenta a doutora em Economia Popular e Solidária. “Você deve listar todas as despesas necessárias para iniciar e tocar o negócio - podendo ser um investimento, como uma máquina de costura, um freezer, uma bicicleta cargueira, utensílios, bem como as matérias-primas que precisam ser compradas, e verificar se cabem no seu orçamento”, pontua Silvana Parente.

Depois dessa pesquisa das despesas, ela sugere fazer a estimativa das vendas. Aqui está outro desafio: calcular o preço justo e competitivo, olhando sempre para os custos e para o preço de produtos similares.

“Somente dessa forma o lucro poderá ser estimado, assim como a decisão de seguir em frente ou fazer mudanças no planejamento. Nesse momento, o empreendedor não deve desanimar, mas relembrar a vontade de trabalhar e a autoconfiança”, defende a Vice-Presidente do Corecon-CE.

Escolha assertiva 

Alice Mesquita aponta os setores que considera mais indicados para montar um negócio com R$ 1 mil:

  • Serviços pessoais, como massagista e maquiador;
  • Serviços de reparo, manutenção e consertos (nos quais o investimento inicial é basicamente em ferramentas e utensílios);
  • Serviços na área de marketing digital, como criação de sites, produção de conteúdo e gestão de redes sociais;
  • Professor particular e serviços de consultoria;
  • Produção de artesanato e bijuterias;
  • Produção de alimentos (doces, bolos, salgados e trufas, que pode ser iniciada em casa);
  • Revenda de cosméticos e peças íntimas;
  • Negócios que funcionam em carrinhos, como sanduíches e tapioca.

“Desde o primeiro momento, o empreendedor deverá se comportar como empresa e não como pessoa física. Ter um CNPJ vai ajudar a dar mais credibilidade ao negócio e facilita o relacionamento com fornecedores, clientes e agentes financeiros para futuras negociações de crédito”, salienta a assessora executiva da Diretoria do Sebrae-CE.

Outra dica para contribuir com a gestão de forma ordenada é fazer uma planilha e anotar todas as vendas e todos os gastos, identificando as despesas particulares e aquelas ligadas ao negócio. “É fundamental que o empreendedor separe o dinheiro da empresa do seu dinheiro particular. Para não confundir, é importante estipular uma retirada mensal, que deverá ser utilizada para pagar as suas contas pessoais. Só assim ele saberá se a empresa está dando lucro”, sinaliza Alice Mesquita.

Comunicação

Por fim, as especialistas orientam a estabelecer um bom diálogo com os potenciais compradores por meio de canais de comunicação. “Utilize as redes sociais como aliadas na divulgação e na venda de seus produtos e serviços”, acrescenta Alice Mesquita.

A partir das ferramentas de comunicação, o empreendedor poderá mostrar o diferencial de qualidade e o preço do produto para encantar o consumidor, alcançando sua fidelidade. “Com muito zelo e dedicação os frutos virão”, reitera Silvana Parente. “Diante dos desafios e das incertezas da pandemia, é importante pensar na possibilidade de empreender de forma grupal, o que chamamos de empreendedorismo solidário, com maiores chances de se firmar nesse 'novo normal' do mercado”, conclui a Vice-Presidente do Corecon-CE.