O caso da "menina sem nome", criança cruelmente assassinada em Recife, completa 53 anos neste mês de junho. Em 1970, a criança foi enterrada como indigente, já que nem o pai, a mãe, outros parentes ou amigos se apresentaram ou procuraram por ela. Na época, apesar da não identificação da menina, várias pessoas começaram a considerá-la santa, realizadora de milagres.
No último domingo (4), o programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou a história do crime que aconteceu na Praia do Pina. A polícia prendeu culpados, mas nunca descobriu a identidade da vítima.
O crime
O crime ocorreu há mais de meio século em uma comunidade, na Zona Sul de Recife, lugar onde a menina poderia ter vivido. O Fantástico teve acesso a documentos inéditos que esclarecem o assassinato - um relatório elaborado por uma equipe do Instituto de Polícia Técnica Local, que, no dia 23 de junho de 1970, foi à Praia do Pina fazer a análise da cena do crime e coletar vestígios que levassem ao assassino.
Em entrevista ao programa, a perita que assinou o documento descreveu como a garota foi encontrada.
“Tinha uma corda com três voltas no pescoço. Ela estava amarrada com as mãos para trás”, diz Maria Teresa Moreita de Paiva.
Segundo as investigações, a causa da morte foi asfixia e aspiração de grãos de areia da praia. Os exames também atestaram que não houve violação sexual.
No local do crime, a equipe encontrou sandálias de borracha - que não formavam pares, um lenço, um cinto e uma camisa rasgada.
No Instituto de Medicina Legal, os legistas identificaram uma menina negra, de oito anos, cabelos alisados e biquíni azul claro.
Suspeito
Quatro dias após do assassinato, um suspeito do crime foi localizado. Tratava-se de Geraldo Magno de Oliveira, um morador de rua, sem emprego fixo. Ele inicialmente confessou o assassinato, mas em seguida voltou atrás.
Em depoimento, ele negou o crime, alegando que havia confessado à polícia por causa das sevícias, ou seja, torturas às quais teria sido submetido e que haviam esmagado seus órgãos genitais.
Geraldo Magno teve a prisão preventiva decretada uma semana depois da sua confissão. O corpo da menina foi enterrado no mesmo dia.
O cadáver ficou por 11 dias no Instituto de Medicina Legal. À época, a polícia solicitou que algum parente se identificasse, mas não apareceu ninguém.
Homenagens
A vítima foi enterrada no cemitério de Santo Amaro, o maior de Recife. Entre as quase 30 mil sepulturas, a da "menina sem nome" é a que mais recebe visitas. Considerada uma santa, ela diariamente é homenageada por devotos, que aparecem para depositar doces, brinquedos e até lembranças.