Réu no caso Marielle, Domingos Brazão nega conhecer Lessa e chora: 'Preferia ter morrido no lugar'
Na segunda-feira (21), seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão também chorou e alegou inocência durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF)
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), prestou depoimento nesta terça-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF) na condição de réu na ação penal que trata do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018, no Rio de Janeiro. Na audiência, ele negou conhecer Ronnie Lessa, autor dos disparos na noite do crime, chorou e comentou sobre a vereadora.
"Nunca estive com Marielle, nem com Anderson", afirmou. Em outro momento do depoimento, Domingos chorou e disse que as acusações de Ronnie Lessa estão "fazendo mal para ele e sua família". "Eu preferia ter morrido no lugar da Marielle. Eu não sei como ele [Lessa] dorme. Não dá para entender, como ele consegue fazer isso", afirmou.
Domingos Brazão está preso na penitenciária federal em Porto Velho. Ele e o irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), são apontados nas investigações como mandantes do assassinato, conforme a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso de realizar os disparos de arma de fogo contra a vereadora.
O parlamentar prestou depoimento ao STF na segunda-feira (21) e, durante a sessão, também chorou e alegou não conhecer o autor dos disparos.
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Domingos Brazão negou conhecer Lessa
Perguntado pelo juiz Airton Vieira, responsável pela oitiva, sobre o motivo pelo qual um desconhecido o incriminaria, o conselheiro disse que Ronnie estava se sentindo encurralado e queria incriminá-lo após a imprensa publicar que os Brazão foram citados nas investigações.
"Foi uma oportunidade que Lessa teve de ganhar os benefícios [da delação]. Um homicida, um homem louco que nunca demonstrou piedade pelo que fez", afirmou.
Insistindo na pergunta, o juiz questionou Domingos sobre o motivo pelo qual seu irmão também foi incriminado por um desconhecido. Segundo ele, a acusação contra Chiquinho teve objetivo de levar a investigação para o STF, tribunal responsável pelo julgamento de parlamentares.
"Foi uma forma de levar [o caso] para o STF. Em quatro dias, foi homologado [delação]. Isso estava no STJ há uma série de tempo", disse.
Outros réus
Na segunda-feira (21), o deputado federal Chiquinho Brazão prestou depoimento e também negou conhecer Ronnie Lessa.
Além dos irmãos Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira também são réus pelo assassinato de Marielle.
Todos respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa e estão presos por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Segundo a investigação realizada pela Polícia Federal, o assassinato de Marielle está relacionado ao posicionamento contrário da parlamentar aos interesses do grupo político liderado pelos irmãos Brazão, que têm ligação com questões fundiárias em áreas controladas por milícias no Rio de Janeiro.