O código "Zara zerou", descoberto pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) em investigação sobre racismo na loja de roupas, motivou a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP) a notificar a empresa nesta segunda-feira (25). A Zara do Brasil Ltda tem até a próxima quarta-feira (27) para se explicar.
A expressão, segundo as apurações policiais, servia para orientar a equipe da loja quando fossem identificados clientes com padrão considerado "suspeito". Conforme as investigações, eram alvos do alerta "Zara zerou" pessoas negras e julgadas como "mal vestidas".
O Procon-SP solicitou que a Zara informe sua política de treinamento de funcionários, a fim de descobrir medidas adotados em relação a "conscientização, prevenção, programas de diversidade, inclusão e combate ao racismo e a discriminação de qualquer gênero".
Na última quarta-feira (20), um dia após a descoberta da existência do código, a Zara enviou nota ao Diário do Nordeste informando que "nega a existência de um suposto código para discriminar clientes".
A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser tratado com a máxima seriedade em todos os âmbitos. A Zara Brasil conta com mais de 1.800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa.".
Racismo contra delegada cearense
O "Zara Zerou" veio à tona na semana passada, quando a PC-CE indiciou do português Bruno Filipe Simões Antônio, gerente de loja Zara em Fortaleza, por racismo contra a delegada Ana Paula Barroso, que foi expulsa do estabelecimento sob a alegação de estar com a máscara baixa, enquanto pessoas brancas e loiras circulavam normalmente.
Sobre o caso, o Procon paulista pontuou que a loja deve "prestar esclarecimentos sobre as providências tomadas junto aos funcionários e colaboradores que realizaram a abordagem, bem como para posterior assistência à cliente".
O delegado geral da PC-CE, Sérgio Pereira, relata que testemunhas (entre ex e atuais funcionários da Zara) relataram, durante depoimento, que o código "Zara zerou" era disparado no alto-falante da loja quando entrava um cliente fora do padrão desejado pela loja, que poderia colocar a segurança em risco.
Segundo o Procon-SP, a Zara também deve divulgar quais mecanismos de segurança e vigilância são utilizados na rede de lojas em todo Brasil.
Notificação em Santa Catarina
Na última quinta-feira (21), o Procon de Santa Catarina notificou a unidade da Zara em Florianópolis, no Villa Romana Shopping sobre o "Zara Zerou". As informações são do portal NSC Total.
O objetivo é saber se o código discriminatório foi utilizado na loja algum vez, além de verificar se já houve alguma denúncia de racismo no local.
A Zara do Villa Romana tem um prazo de dez dias para se manifestar.