Substância tóxica encontrada em petisco canino é usada para resfriar motores e radiadores de carros

Cerca de 54 cachorros morrem após comerem aperitivos supostamente contaminados. Venda dos produtos foram suspensas

Testes realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelaram a presença de substância tóxica, comumente usada para resfriar motores ou radiadores de carros, em petiscos da marca Bassar, suspeitos de provocar a morte de cachorros no País. O especialista em alimentação animal da instituição, Leonardo Bosco de Lara, alertou ao Fantástico, em matéria exibida nesse domingo (11), que o produto não pode ser ingerido.

Os pesquisadores realizaram os exames em dois cães com suspeita de contaminação após consumirem o aperitivo. Neles foram encontrados "cristais nos túbulos renais compatíveis com cristais de oxalato de cálcio". Como explicou o professor de patologia Veterinária da UFMG, Felipe Pierezan, ao programa da TV Globo, "quantidades elevadas de cristais nos túbulos renais é indicativo, sugestivo de intoxicação por etilenoglicol”.

“[O etilenoglicol] altera o metabolismo das membranas celulares. São desde sintomas agudos de vômito, diarreia, chegando até os rins, que são os mais afetados. Chegando até a sintomas neurológicos seis dias após a ingestão do etilenoglicol”, detalhou Leonardo Bosco de Lara. 

Os testes realizados em petiscos entregues por tutores de animais que passaram mal ou morreram indicaram resíduos de etilenoglicol em lotes dos rótulos Every Day e Dental Care. O petisco Petz Snack Cuidado Oral segue em análise.

Petisco pode ter causado morte de 54 cães

Há casos de intoxicação provocada pelo alimento sendo investigados em 11 estados, além do Distrito Federal, e a suspeita é de que pelo menos 54 cachorros tenham morrido após consumir o alimento.  

A fábrica da Bassar, com sede em Guarulhos, São Paulo, foi interditada pelo Ministério da Agricultura. O empreendimento afirmou que realiza um recall de todos os produtos fabricados a partir de fevereiro de 2022 e solicita a devolução deles pelos consumidores.

O ministério detectou que dois lotes de matéria-prima contaminados por etilenoglicol foram comprados pela empresa. Segundo a pasta, quem forneceu os lotes contaminados foi a Tecno Clean Industrial, com sede em Contagem, Minas Gerais. As vendas foram suspensas.

Ao Fantástico, a Tecno Clean declarou que não fabrica a substância e que compra o produto da importadora A&D Química Comércio, e que a falha deve ser procurada e entendida entre o importador e o fabricante. 

A A&D Química, com sede em Arujá, São Paulo, disse ao Fantástico que os produtos dela não possuem destinação alimentícia, sendo destinados exclusivamente à fabricação de itens para higiene e limpeza. E relatou ser uma empresa revendedora e não é fabricante ou importador de produtos químicos.

Responsável por uma das marcas citadas, a Petz disse que adota rigorosos processos de qualidade juntos aos fornecedores e que retirou voluntariamente todos os produtos investigados das lojas em todo País.

Na sexta-feira (9), o ministério determinou também que todas as empresas de alimentos e mastigáveis no Brasil realizem, no prazo de 10 dias, análises em produtos que contenham propilenoglicol em sua composição.

A Polícia Civil em Minas Gerais informou que o inquérito do caso não tem prazo para ser concluído.

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