Os afegãos alocados atualmente no Aeroporto Internacional de Guarulhos estão sendo transferidos para a cidade de Praia Grande, no litoral de São Paulo, segundo informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ao todo, 150 imigrantes teriam sido retirados do local ainda na sexta-feira (30), conforme o órgão.
O espaço utilizado para a realocação dos afegãos foi a colônia de férias do Sindicato dos Químicos de Praia Grande, escolhido como uma ação emergencial tomada em parceria com o governo de São Paulo, prefeituras de Praia Grande e de Guarulhos, Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Cáritas e entidades da sociedade civil.
Após visita de equipe do ministério ainda na quarta-feira (28), o ministro da Justiça Flávio Dino informou que os afegãos refugiados seriam encaminhados a hotéis de fora emergencial.
Segundo informações da Agência Brasil, 124 deles foram encaminhados à colônia de férias em Praia Grande. Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que tem realizado coordenação dos esforços articulados entre diversas instituições, órgãos públicos e entidades da sociedade civil "para garantir condições dignas aos refugiados afegãos".
As informações apontam que o governo federal fez um convênio com o sindicato para que os afegãos fiquem por 30 dias no local, onde devem receber atendimento médico específico em meio ao surto de sarna detectado entre eles.
Ainda na noite de sexta-feira (30), a prefeitura de Praia Grande afirmou que não receberia o grupo. Entre as alegações, o órgão pontuou que não teria estrutura suficiente para recebê-los e que por conta da doença eles precisam ficar isolados.
Surto de sarna
Na última quinta-feira (22), o grupo em questão, que seguia abrigado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, foi diagnosticado com escabiose, doença conhecida como sarna.
O diagnóstico foi dado por médicos da Prefeitura de Guarulhos e profissionais de saúde de ONGs que atendem as famílias abrigadas, que também apontaram cerca de 26 pessoas com a doença, enquanto 209 pessoas seguiam vivendo no espaço.
Causada pelo ácaro parasita Sarcoptes scabiei e transmitido pelo contato com uma pessoa ou roupas infectadas, a sarna é considerada altamente infecciosa e apresenta lesões da cor da pele ou ligeiramente avermelhadas, segundo informações da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Relatos dos afegãos e dos próprios profissionais de saúde no local, mostram que itens de higiene pessoal estavam escassos, além da impossibilidade de banho frequente ter se tornado uma realidade. Enquanto isso, as roupas utilizadas também estariam sendo raramente trocadas.
Conforme a SBD, a escabiose tem grau elevado de transmissibilidade, apresentando outros sintomas mais graves como crostas nas dobras, inchaço e escoriações.
Chegada dos afegãos
Quando os radicais do Talibã assumiram o poder em 2021, milhões de afegãos tem deixado o país. A intenção, em grande maioria, é fugir da violência e da perca de direitos onde viviam.
Por conta disso, o Brasil se tornou destino de parte desses afegãos após publicação de portaria interministerial, em setembro de 2021, autorizando o visto temporário e a residência por razões humanitárias.
O desembarque por aqui, então, se tornou mais frequente, mas afegãos não tem conseguido acesso direto a política pública de acolhimento. O resultado tem sido o de refugiados desamparados, enquanto muitos se alocaram dentro do aeroporto de Guarulhos em busca de moradia.