PRF prendeu 49 pessoas por bloqueios ilegais em rodovias

Diretor-geral é investigado por atuação na desobstrução

A Polícia Rodoviária Federal fez 49 prisões durante a operação que visou liberar rodovias tomadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em todo o país após a derrota nas eleições.

As atividades da corporação se intensificaram após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou à corporação medidas para desobstruir as vias interditadas por manifestantes.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (16), a Polícia Rodoviária Federal afirmou que, em razão do número de manifestantes nas manifestações e o tamanho das equipes que atuaram na linha de frente da Operação Rescaldo, a corporação 'segue um protocolo progressivo a fim de resguardar a vida e a integridade de todos'.

A PRF sustentou que as prisões envolvem 'uma grande dificuldade' e foram realizadas 'pelos mais diversos crimes'. A corporação citou o episódio registrado em Novo Progresso, no interior do Pará - quando manifestantes foram flagrados jogando pedras contra um comboio que tentava liberar trecho da rodovia BR-163. Um policial acabou ferido.

No último balanço, de 9 de novembro, a corporação informou ter desobstruído todas as vias do país que haviam sido bloqueadas por apoiadores de Bolsonaro. Foram desfeitas 1087 manifestações, segundo o órgão.

Diretor-geral investigado

Os bloqueios tiveram início em 31 de outubro, dia seguinte ao segundo turno das eleições. Logo em seguida, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a desobstrução das estradas - decisão confirmada pelo Plenário da corte máxima na madrugada do dia 1º.

A atuação de direitor-geral da PRF, Silvinei Vasques, é investigada pela Polícia Federal, com suspeita de prevaricação e de violência política. O inquérito também apura a gestão da PRF no segundo turno das eleições, quando foram realizadas blitze em diversas rodovias

Em meio às cobranças, Silvinei chegou a pedir uma verba de R$ 970 mil ao Ministério da Justiça para custear passagens e diárias de PRFs e suspendeu atividades administrativas não essenciais da corporação, assim como folgas para compensação de horas.

Silvinei narrou ao Supremo que houve 'redução de efetivo operacional' na Operação Rescaldo, mas sustentou que, nos Estados em que foram registrados atos considerados antidemocráticos, a equipe foi ampliada e direcionada para os 'locais de manifestação'.

Nesta terça-feira (15), o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro pediu o afastamento imediato de Silvinei, por 90 dias, sob a alegação de que o chefe da PRF fez uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL)

Agora, as Polícias e o Ministério Público tentam identificar os líderes e financiadores dos atos considerados antidemocráticos. As forças policiais e Promotorias enviaram ao ministro Alexandre de Moraes informações que podem colocar os apoiadores de Bolsonaro na mira de investigações criminais.