Uma das mulheres que suspeitam ter sido vítimas, também, do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, quer processar o Hospital Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, por não ter parado o ato.
Trata-se de uma paciente de 30 anos de idade que teria sido a primeira sedada por Giovanni durante o parto no expediente de domingo (10) no hospital. "Deixaram mais duas vítimas passarem pelo mesmo abuso só por causa de uma filmagem", alegou o advogado dela, Joabs Sobrinho, nesta quinta-feira (14), segundo a Folha de S. Paulo.
Depois dela, nesse mesmo dia, Giovanni participou de outras duas cesáreas. A terceira foi filmada por profissionais da saúde que acompanhavam a cirurgia e desconfiaram do comportamento do anestesista e o denunciaram.
"Eles sabiam que tinha um abuso. É muito forte você querer gravar uma pessoa para pegar um ato libidinoso se você está realmente percebendo que tem um ato libidinoso", compreende o advogado.
Além disso, ele acredita que a palavra da equipe médica deveria ter bastado. "A própria voz da vítima já é válida em casos de estupro, imagina uma equipe médica dizendo que um outro médico está abusando de uma paciente", disse.
O hospital ainda não se manifestou sobre o assunto.
Investigação e denúncia
Nesta sexta (15), a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que Giovanni Quintella é suspeito de ter cometido outros 50 crimes semelhantes ao filmado no domingo (10). Até ontem (14), a estimativa era de 30 casos.
O Hospital da Mãe de Mesquita enviou à delegacia uma lista de 44 nomes de mulheres que, provavelmente, tiveram o parto acompanhado pelo médico, segundo o jornal O Globo.
"São relatos ainda. Precisamos investigar. São 30 [mulheres] já identificadas como possíveis [vítimas]", afirmou na quinta (14) Bárbara Lomba, delegada titular da Delegacia de Atendimento à frente do caso.
A cliente de Sobrinho é uma dessas mulheres que estão sendo ouvidas pela Polícia. Segundo a Folha, ela chegou à delegacia na quinta com o rosto coberto por um casaco, seguida de outra mulher com um bebê de quatro dias no colo. Mais cedo, nesse mesmo dia, o marido de outra mulher também depôs, mas saiu sem falar com a imprensa.
Nesta sexta-feira (15), a 2ª Promotoria de Justiça Criminal de São João de Meriti denunciou à Justiça o médico por estupro de vulnerável.
Para preservar e resguardar a imagem da vítima, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu que o processo tramite em sigilo e fixou "indenização em favor da vítima, em valor não inferior a 10 salários mínimos, considerando os prejuízos de ordem moral a ela causados, em decorrência da conduta do denunciado".
Vítima suspeita de outro estupro
Além do estupro oral, a vítima de 30 anos de idade suspeita ter sofrido estupro vaginal. Isso porque ela diz lembrar de seu corpo "se movimentando", de acordo com o advogado.
Giovanni teria se apresentado para ela, inicialmente, como "Yago", e teria entrado na sala de parto por volta de 8h30. Ele também não teria permitido que uma amiga da vítima a acompanhasse durante a cesariana.
"Tinha muita coisa de errado, ele colocou a sonda e deu a injeção com ela sentada, e não deitada. Ela estranhou, porque sabia que era deitada. Ela disse: 'mas estou muito suja, tenho vergonha, doutor'. E ele respondeu: 'Não, eu te limpo'", relatou Sobrinho.
O advogado quer ainda ler os depoimentos da equipe médica para entender os procedimentos aplicados naquele dia. Depois disso, afirmou à Folha que pretende "tomar as medidas cabíveis".
A vítima ainda está decidindo se vai tomar o coquetel de remédios anti-HIV, procedimento de praxe em casos de abuso sexual. Se tomar, não vai poder amamentar o filho recém-nascido.