O motorista de aplicativo acusado por uma passageira de tentar dopá-la em Porto Alegre não cometeu crime, concluiu a Polícia Civil. Assim, Evelyn Moraes, 22, autora da denúncia, será indiciada por denunciação caluniosa, segundo nota divulgada pela 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher da Capital, nesta segunda-feira (21). As informações são do G1.
O caso teria acontecido em 26 de fevereiro, na Zona Sul de Porto Alegre. Evelyn disse que, durante a corrida, na saída do trabalho para casa, o motorista ofereceu a ela um produto, que seria um aromatizador, para que ela cheirasse.
Mesmo recusando, ela passou a sentir um cheiro forte, no momento em que o motorista ligou o ar-condicionado do veículo. Ela disse ter sido impedida pelo condutor de abrir a janela e, assustada, conta ter se atirado do carro ainda em movimento. A jovem precisou de atendimento médico devido aos ferimentos.
Incoerências no depoimento
A delegada responsável pela investigação, Jeiselaure Rocha de Souza, disse que a polícia encontrou "incoerências" no depoimento de Evelyn. Não há elementos de que ela tenha se jogado do carro em movimento, mesmo após analisar imagens de câmeras de segurança e o laudo de atendimento do hospital onde a jovem foi atendida.
"Constatamos que há uma série de incoerências muito importantes que nos levou a concluir que a vítima faltou com a verdade. A gente não descarta que ela possa ter algum gatilho que despertou o sentimento dela", afirma.
A afirmação de que Evelyn não tenha conseguido abrir os vidros traseiros do carro também foi refutada pela Polícia. "Isso não é possível de ter acontecido. Embora os vidros da frente sejam elétricos, os de trás são manuais. Portanto, isso não é compatível. É só mais um dos muito elementos [para o indiciamento por denunciação caluniosa]".
Motorista nega as acusações
O motorista negou todas as acusações em depoimento. Não foram encontrados indícios de que ele portasse um produto aromatizador. A Polícia fez vistorias em seu carro e na sua residência e nada foi encontrado.
O sistema de ar-condicionado também foi periciado e nenhum tipo de substância que pudesse dopar alguém foi localizado, segundo a Polícia Civil.
Jovem mantém versão
Apesar das considerações da investigação, a jovem mantém sua versão e diz que reunirá provas junto a seu advogado. "Eu não vou desistir disso não. Eu tinha que ter sido estuprada para que acreditassem em mim", apontou.
Evelyn compartilhou que seu laudo médico aponta reação a uma substância inalada. Já em relação aos vidros do carro, relata ter ocorrido um desentendimento sobre o que ela falou.
"Em momento nenhum eu disse, como tá registrado no BO, que ele tinha subido os vidros. Sempre falei que quando fui baixar o vidro, ele disse pra eu não baixar, porque ia pegar sol nos bancos. Eu não baixei porque ele não deixou".
Após se jogar do veículo, em uma área que as imagens não pegaram, ela detalha que chegou a dar três passos e perdeu a força. Evelyn foi auxiliada pelo marido, que tinha sido avisado por mensagem.