Novas mensagens foram reveladas sobre o caso do menino Henry Borel, que foi agredido e morto no dia 8 de março, no Rio de Janeiro. Desta vez, as conversas mostram Monique Medeiros, mãe do garoto, convidando uma conhecida para um encontro entre mães e filhos enquanto recebia relatos da babá, Thayná Ferreira, sobre as agressões ao menino Henry.
A troca de mensagens, ocorrida no dia 12 de fevereiro, foi iniciada pela mãe do colega de Henry perguntando se Monique estaria bem. Neste momento, Monique responde e faz o convite. No entanto, a mulher diz que não queria se encontrar com outras pessoas por conta da pandemia de Covid-19.
Monique responde: "eu entendo, meu marido é médico, nossa casa parece um centro cirúrgico, ar e alcool (risos)". Um minuto antes desta mensagem, a babá de Henry enviou uma foto a Monique do menino no colo, que, segundo ela, reclamava de dor no joelho.
Funcionárias também poderão ser responsabilizadas
A babá Thayná Ferreira, 25, e a empregada da casa, Leila Rosângela Mattos, 57, também poderão ser responsabilizadas criminalmente no futuro, mas por falso testemunho, caso isso seja provado, segundo o que a polícia e a Promotoria indicaram.
Ambas afirmaram em depoimento à polícia que nunca notaram nada de anormal na relação entre o casal e o menino, o que vai de encontro às mensagens encontradas no celular de Monique. Nelas, Thayná conta que Jairinho se trancou no quarto com o menino, que depois saiu mancando e com dor na cabeça.
Babá mente em depoimento à polícia
"Ficou bastante evidenciado que ela [a babá] mentiu para a gente. Ao invés de narrar qualquer incidente, falou que a relação da família era harmoniosa", afirmou o delegado Henrique Damasceno, acrescentando que as razões para isso ainda serão apuradas.
A situação da faxineira ainda é incerta. Ela chegou a dizer no depoimento que o vereador nunca ficava sozinho com o menino, mas as mensagens indicam que ela também estava no apartamento naquele dia.
Para Martinelli, do Ibmec-SP, em tese a babá também poderia ser responsabilizada por omissão, mas seria preciso avaliar se ela foi vítima de coação. "O próprio risco de demissão é uma forma de coação na situação em que vivemos hoje", diz.
Outro fato que gerou estranheza à juíza que determinou a prisão, Elizabeth Louro, foi que as duas funcionárias tiveram um encontro com o advogado do casal dias antes de prestarem depoimento à polícia. Elas mesmas contaram que a irmã de Jairinho pediu que elas fossem ao escritório de André França Barreto no dia 18 de março.
Um motorista passou para pegá-las e, chegando lá, elas falaram com ele separadamente. Ambas relatam aos investigadores que ele perguntou sobre a rotina e a relação da família. Segundo Thayná, o advogado disse que ela seria intimada e que era "para ela dizer somente a verdade".
Prisão
O casal foi detido por policiais da 16ª DP, da Barra da Tijuca, para onde foram levados, após a juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri da Capital, expedir mandados de prisão temporária por 30 dias. O inquérito do caso ainda não foi concluído pela polícia e os investigadores aguardam a conclusão de outros laudos.
Os agentes civis monitoravam a residência do casal desde o dia 6 de abril. Na quarta-feira (7), Jairinho saiu da casa do pai, onde dormia, e buscou a namorada na casa dos sogros. Eles foram para a casa de uma tia de Jairo, onde passaram a noite.
Segundo Ana Carolina Medeiro, delegada assistente do 16° DP, os dois tentaram jogar os celulares pela janela, assim que perceberam a chegada dos policiais. "Estavam no mesmo quarto, não esboçaram reação e não resistiram à prisão", relata Madeiro.