O Ministério da Defesa justificou a compra de 35 mil comprimidos de um medicamento genérico do Viagra, em um ofício enviado à Câmara dos Deputados. No documento, divulgado pelo site UOL, foi informado que a compra era feita para tratar 225 pacientes desde 2020.
Há ainda, na descrição do documento, que 181 militares do Exército fizeram ou fazem o uso do medicamento Sildenafila; 43 da Marinha e um da FAB (Força Aérea Brasileira). O remédio é usado tipicamente para tratar disfunção erétil.
"Inicialmente, cabe expor que o consumo do medicamento Citrato de Sildenafila 25mg é destinado apenas aos pacientes internados e aqueles em regime ambulatorial, exclusivamente para o tratamento de doenças raras como a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), a esclerodermia e em pacientes portadores de Vasculopatia Periférica Secundária ao Fenômeno de Raynaud", explicou a pasta.
No Exército, o medicamento foi prescrito por médicos das seguintes áreas:
- Clínica Médica
- Intensivistas
- Pneumologista
- Infectologia
- Gineco-Obstetrícia
- Pediatria
- Neurologia
- Cardiologia
Já na Força Aérea, o remédio é dispensado pela Subdivisão de Farmácia Hospitalar, mediante prescrição médica.
Entenda o caso
Em abril deste ano, as Forças Armadas aprovaram a compra de mais de 35 mil unidades de Viagra, medicamento que costuma ser usado para tratar disfunção erétil.
Oito pregões foram realizados por unidades ligadas aos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, segundo dados do Portal da Transparência e do Painel de Preços do governo federal obtidos pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).
Os processos de compra foram homologados em 2020 e 2021 e permanecem válidos em 2022. Eles descrevem o medicamento pelo nome do princípio ativo, Sildenafila, nas dosagens de 25 mg e 50 mg.
Confira a quantidade de comprimidos por órgão:
- Marinha: 28.320
- Exército: 5 mil
- Aeronáutica: 2 mil
Destino dos medicamentos
O deputado Elias Vaz enviou um requerimento ao Ministério da Defesa solicitando explicações sobre os processos de compra do medicamento.
A Marinha e a Aeronáutica declararam que as licitações se destinam ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), "uma síndrome clínica e hemodinâmica que resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação, elevando os níveis de pressão na circulação pulmonar”.
A Marinha disse que a síndrome “pode ocorrer associada a uma variedade de condições clínicas subjacentes ou a uma doença que afete exclusivamente a circulação pulmonar”, e ainda que se trata de uma “doença grave e progressiva que pode levar à morte”.