Mãe e irmão de Djidja Cardoso retomam consciência após crise de abstinência na prisão, diz defesa

De acordo com o advogado da família, os dois têm sofrido por falta da cetamina, mesma droga apontada como causa da morte de Djidja

Ademar e Cleusimar Cardoso, o irmão e a mãe de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido encontrada morta em Manaus na última semana, estão passando mal devido a crises de abstinência de cetamina na prisão. De acordo com a defesa da família, os dois têm sofrido por falta da droga, a mesma que foi apontada como causa da overdose e consequente morte de Djidja. Eles foram presos por envolvimento com tráfico de drogas. Contra Ademar também há uma denúncia por estupro. As informações são do jornal O Globo.

O advogado Vilson Benayon afirmou à publicação que Ademar e Cleusimar teriam retomado a consciência, após uma semana de cumprimento da prisão preventiva. Por conta da dependência, a defesa diz ter solicitado acompanhamento de um assistente clínico psiquiátrico para os dois no presídio.

"Eles estão sendo avaliados pela equipe médica, tendo crise direto. Estão em abstinência total. Agora que estão voltando à noção da realidade, eles não tinham qualquer noção de tempo. Eles não lembram nem que dia foram presos, têm apenas memórias esparsas", afirmou.

Ainda conforme a defesa, mãe e filho estavam impossibilitados de prestar depoimento à polícia no momento da prisão, pois estavam muito alterados pelo uso de drogas e em estado de "insanidade mental". Para o advogado, a prisão "os salvou da morte". 

"Pedimos o toxicológico e a internação compulsória dos dois em uma clínica de reabilitação. Eles foram atendidos na enfermaria do complexo prisional em crise de abstinência. Ontem estavam de um jeito, hoje estão de outro. O que eles têm é uma patologia, a prisão os salvou da morte", disse Vilson Benayon.

ENTENDA O CASO

Djidja foi encontrada morta em casa, em Manaus, no dia 28 de maio. A suspeita é de que ela tenha sofrido uma overdose de cetamina durante um dos rituais propostos pelos próprios parentes — a mãe e o irmão foram presos dois dias depois pelo crime.

Na casa da família Cardoso, a Polícia revelou que encontrou seringas, doses de cetamina, frascos vazios, medicamentos, documentos e computadores. Além disso, os investigadores disseram que o lugar tinha "cheiro de carne em estágio de putrefação". A defesa de Cleusimar e Ademar alega que mãe e filho são "extremamente dependentes químicos".

A morte da ex-sinhazinha revelou uma seita liderada pela mãe da empresária, Cleusimar, e pelo irmão dela, Ademar. Segundo o UOL, um livro com as "cartas de Cristo", que promete trazer "iluminação ao mundo" e "capacitar a humanidade" para construir uma "nova consciência" nos próximos dois mil anos, pode ter sido uma das inspirações do trio, que é investigado por uso de drogas e abusos sexuais. 

Conforme a Polícia, os rituais da seita da família Cardoso prometiam "transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação" com o uso de cetamina, uma droga sintética de uso veterinário. Participavam desses rituais funcionários dos salões de beleza de Djidja, Cleusimar e Ademar, além de amigos da família. 

Três colaboradoras dos salões, inclusive, foram presas por suspeita de aliciamento de integrantes para o grupo.