Carta encontrada com Lázaro Barbosa, após troca de tiros no momento de sua captura e morte, detalha falta de munição, conta com oferta de dinheiro para uma pessoa e ainda informações sobre confronto com policiais. Documento foi divulgado nesta segunda-feira (5) pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
"Eu tenho 35 munições de 380 lá naquele barraco que eu estava. Pega para mim. Vou te adiantar R$ 500 por esse corre", escreveu Lázaro para uma pessoa identificada por ele apenas como "Jil".
A carta foi achada no bolso de uma jaqueta que o criminoso usava no dia que foi morto, após 20 dias de fuga. "Eles estão me caçando. Já tive dois confrontos com eles [policiais] e tô zerado de munição", diz o manuscrito.
Leia carta de Lázaro na íntegra:
"Oi Jil, olha mano velho eu fui numa fita que deu mó peteco como vc mesmo deve ta vendo o cara tava armado, e antes de eu conseguir enquadrar a vitima ainda consegui avisar uma pessoa que quando eu vi já foi só os tiros
Deu essa p... aí, olha tem um monte de mentira rolando, vejo na TV as vezes, mas isso só daria pra falar se fosse pessoalmente.
Mano não vou me entregar, pois além do caso (...) tem muita coisa que tão querendo botar pra mim, e eles tão me caçando como caça viado, já tive 2 confronto com eles e to zerado de munição, cara por favor arruma o tanto de munição de 38 e 380 pra mim, eu tenho 35 munição de 380 lá naquele barraco que eu tava ve com a ---- pra pegar para mim eu voou te adiantar 500 reais por esse corre por favor mano não me deixa na mão não pois se eu não arrumar comprado eu vou ter que ir atrás e pode morrer mais gente e isso não pode acontecer, eu só quero que eles não cheguem perto de mim que são muitos e tão só pra matar.
Se tu for me ajudar vem pegar a grana se não rasga
Falou, to na -- "
*Os trechos com traços são ocultados por Lázaro
Investigação sobre rede de apoio
Para a polícia, a referência na carta a duas pessoas reforça a suspeita da existência de uma "rede criminosa" que o ajudava a escapar do cerco policial. As investigações para identificar os integrantes deste grupo prosseguem.
A polícia de Goiás, responsável pela investigação da série de crimes cometida por Lázaro Barbosa, acredita que ele integrava uma organização criminosa que reúne de fazendeiros a políticos da região. O suspeito foi capturado e morto no último dia 28 de junho.
Fazendeiro suspeito
A suspeita de que Lázaro não agiu sozinho se intensificou quando o fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, da área rural de Girassol (GO), foi preso por dar esconderijo a Lázaro.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo (4), a delegada Rafael Azzi deu detalhes sobre o possível grupo criminoso. “Nessa organização criminosa, a gente já levantou que pessoas importantes participam dela. Nós temos empresários, fazendeiros, políticos...”, disse.
Segundo a delegada, as investigações apontam que Caetano pode ter sido o mandante da chacina que Lázaro cometeu em Ceilândia (DF). Quatro pessoas da mesma família foram mortas a tiros e facadas pelo suspeito.