O cirurgião plástico Alan Landecker, suspeito de deformar narizes de pacientes, é alvo de investigações por parte dos hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês e São Luiz, todos em São Paulo. Os dois últimos também afastaram o médico das atividades. As informações são do portal G1.
Os procedimentos ocorrem após dezenas de pacientes atendidos pelo cirurgião, especialista em rinoplastia, serem acometidos por infecções bacterianas após as cirurgias. Além das deformações, há casos de perda de olfato e perfuração causada pelo apodrecimento da pele.
A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) também iniciaram investigações para apurar as denúncias. Os hospitais optaram por abrir sindicâncias, dado que os procedimentos cirúrgicos ocorreram nas unidades.
O médico repudia as acusações, atribuindo o problema ao descumprimento das orientações para o pós-operatório.
O que dizem os hospitais
Ao G1, o Hospital Israelita Albert Einstein destacou que a atuação do médico e os fatos relatados pelos pacientes estão em análise, em um processo administrativo, por parte do Comitê Médico Executivo da instituição.
Já o Hospital Sírio-Libanês afirmou ter avaliado todos os casos dos pacientes internados por Landecker e não identificado falhas nos processos assistenciais realizados na instituição.
Além disso, o Sírio-Libanês ressaltou o compromisso da entidade com os mais altos padrões de controle de infecção hospitalar e comunicou ter aberto uma sindicância ética e administrativa. No período, as atividades do médico estão suspensas temporariamente na instituição.
A Rede D'Or, em nota, disse que o cirurgião foi suspenso pelo Hospital São Luiz e pelo Vila Nova Star.
Casos dos pacientes
Pacientes de Landecker com complicações em razão de infecções criaram um grupo no WhatsApp chamado "Pacientes do Alan". Há 30 pessoas reunidas na plataforma.
Ao G1, eles afirmaram não terem tido alta mesmo após dois anos após os procedimentos estéticos. O grupo também indicou não ter tido acesso a um prontuário com orientações sobre os próximos passos e diz não entender exatamente como tantos danos foram causados.
A advogada Marília Frank, uma das integrantes do grupo, registrou Boletim de Ocorrência (BO) após a cirurgia. "Fiz a cirurgia em maio deste ano e, quando ele tirou o último curativo, viu que a cartilagem estava podre", contou, acrescentando estar com o nariz "estragado" e "toda torta" enquanto Landecker apenas a mandava tomar analgésicos em casa.
Mesmo um ano após o procedimento, Paula Oliveira, 38 anos, sofre com impactos da cirurgia: embora tenha se curado da infecção após uma terceira cirurgia, ela segue sem olfato.
"Preciso esperar um prazo para fazer o reparo estético, já que fiquei com o nariz deformado, gastei o dobro do que previa com isso e sigo usando todas as minhas economias enquanto não consigo um novo trabalho", relatou Paula.
O empresário Veraldino de Freitas Júnior, de 35 anos, fez o procedimento em setembro de 2020 e continua com a ferida aberta. Em razão disso, ele ainda faz uso intravenoso de antibióticos duas vezes ao dia.
"No pós-operatório, meu nariz não desinchou, com o passar dos dias começou a feder, com as pessoas do meu convívio percebendo o odor insuportável, até que no 15º dia abriu uma ferida", disse.
Para a recuperação, foram necessários R$ 300 mil em remédios e outros procedimentos, conforme o empresário.
Após o médico ser buscado pelo G1, os advogados Daniel Bialski e Fernando Lottenberg, representantes dele, enviaram nota em repúdio às acusações. Eles atribuem os problemas ao descumprimento das orientações pelos pacientes e disseram que acionarão a Justiça contra os ataques feitos ao cliente.
Leia o comunicado da defesa de Alan Landecker na íntegra
Não são verdadeiras as acusações feitas por alguns ex-pacientes do Dr. Alan Landecker, que não seguiram o tratamento proposto ou abandonaram os cuidados e orientações que vinham sendo prestados no tratamento da infecção. Não pode, portanto, ser atribuída responsabilidade ao Dr. Alan por decisões unilaterais tomadas por esses ex-pacientes, que agora buscam reparação financeira.
Há imagens que comprovam o bom resultado dos procedimentos. As complicações relatadas foram posteriores e podem ter sido consequência de não se seguir as orientações médicas. Todas elas seriam reversíveis, caso os ex-pacientes se dispusessem a cumprir os protocolos.
Além disso, a grande maioria das infecções manifestou-se muito tempo após as rinoplastias — mais de 30 (trinta) dias— demonstrando que podem não estar relacionadas aos procedimentos cirúrgicos.
Todos os pacientes são orientados sobre riscos e cuidados, assinando um termo de ciência e sendo acompanhados por até três anos. As tentativas de difamar um profissional com 20 anos de carreira e mais de 4 mil cirurgias bem-sucedidas receberão a resposta adequada.
Quanto aos hospitais que decidiram suspender sua atuação profissional, entendemos que essa atitude é unilateral e precipitada, baseando-se apenas em matérias jornalísticas. A lisura das ações do Dr. Alan Landecker está sendo comprovada nos órgãos responsáveis pela apuração dos fatos.