Câmeras de monitoramento do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, registraram o momento em que as etiquetas nas malas das duas brasileiras presas injustamente por tráfico internacional de drogas, na Alemanha, foram trocadas por funcionários do local. Segundo a Polícia, dois suspeitos usaram um "ponto cego" na área de segurança do terminal para colocar os rótulos da bagagem da dupla nas bolsas com os 40 kg de cocaína.
Casadas há 12 anos, a veterinária Jeanne Paollini e a personal trainer Kátyna Baía foram detidas no último dia 8 de março, no Aeroporto de Frankfurt, ao serem flagradas com as malas trocadas, contendo o conteúdo ilícito. Ambas estão há mais de um mês em um presídio feminino na cidade.
Nós nunca convivemos nesse ambiente. Dói muito ficar aqui todo dia. Acordo e penso: ‘Meu Deus, esse pesadelo ainda não acabou'’’, contou Jeanne Paollini à família.
Nas imagens divulgadas pelo Fantástico nesse domingo (9), é possível observar o momento em que Pedro Venâncio, funcionário que atuava no setor da área de segurança do terminal em São Paulo, retira as etiquetas das malas das passageiras e as colocam em outras bagagens, onde estaria a droga.
VEJA CENA
As vítimas saíram do aeroporto de Goiânia, Goiás, no dia 5 de março, e durante a escala na cidade paulista foram alvos do golpe. Depois, elas realizariam uma nova escala em Frankfurt e seguiriam para Berlim, mas foram interceptadas pela polícia alemã.
"Caminhei algemada pelo aeroporto de Frankfurt, escoltada por vários policiais, sem saber o que estava acontecendo. O policial apresentou as supostas malas, nós falamos, de imediato, que aquelas malas não eram nossas. Fomos transferidas para outro prédio. Uma cela onde as paredes têm escritos de fezes. É uma cela fria, não tem janela", detalhou Jeanne.
Malas diferentes
No terminal goiano, as câmeras de segurança registraram que o casal deixou o local com mala nas cores preta e rosa, mas desembarcaram na cidade alemã com bagagens diferentes. Em Guarulhos, o sistema de monitoramento flagrou o momento em que duas mulheres despacharam duas bolsas iguais às apreendidas com as brasileiras na Alemanha e, cerca de três minutos depois, deixaram o aeroporto sem embarcar. Até hoje, as bagagens das brasileiras não foram encontradas.
"É preciso que tenha mais cuidado com a nossa bagagem. Isso é uma responsabilidade muito grande. E isso pode afetar a vida de muitas pessoas", declarou a veterinária.
Durante a investigação do caso, a Polícia Federal (PF) identificou que funcionários terceirizados do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, driblavam o sistema, trocando etiquetas das malas para enviar droga para o Exterior. A autoridade prendeu seis suspeitos de envolvimento no esquema criminoso.
As imagens que provam a inocência do casal já foram enviadas para os órgãos alemães. No entanto, a Justiça do país europeu quer que as evidências cheguem através do governo brasileiro.
O que afirmam os envolvidos?
A administradora do Aeroporto de Guarulhos declarou ao Fantástico que o manuseio das malas é de responsabilidade das companhias aéreas, e que, quando acontece um incidente, se reúne com autoridades para discutir melhorias nos protocolos de segurança.
Já a Latam, empresa pela qual Kátyna e Jeanne viajaram, afirmou somente que colabora com as investigações e está em contato com as famílias das brasileiras.
A defesa de Eduardo dos Santos, um dos suspeitos presos, disse que ele não integra nenhum esquema criminoso. Já a família de Pedro Venâncio, outro suposto envolvido, não respondeu às tentativas de contato do programa. A Orbital, empresa que emprega os dois homens, declarou que verifica os antecedentes criminais dos colaboradores antes das contratações e que o tráfico de entorpecente é um problema de segurança pública.
A Polícia alemã afirmou que não estava autorizada a fornecer mais informações sobre casos individuais.
O consulado brasileiro em Frankfurt disse estar prestando assistência às famílias.