Fala de ex-PM minimizando violação de mulheres mortas será investigada por MP

Evandro Guedes aparece em vídeo ensinando sobre o crime de vilipêndio de cadáver

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou que irá investigar, em inquérito civil, a fala do ex-policial militar e professor Evandro Guedes, em que ele ensina sobre o crime de vilipêndio de cadáver. Segundo o órgão, as declarações representam uma "suposta violação sexual de mulher morta". As informações são do portal g1.

Em um vídeo publicado na AlfaCon Concursos Públicos, Guedes comenta a situação de duas mulheres e cita: "Duas da manhã, não tem ninguém. Você bota a mão, hmm quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime", disse ele.

Conforme o MP, o discurso de Evandro será incluído em um inquérito civil que está em andamento contra a empresa AlfaCon, plataforma em que o acusado deu a aula. "Há manifesta violação de direitos, preconceito, reiterado discurso de ódio e incitação à prática de crimes", disse o órgão.

Em nota, a empresa AlfaCon afirmou que o "vídeo foi editado de forma a parecer que o professor em questão era praticante do crime". O vídeo completo, conforme a instituição, deixa claro se tratar de um "exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal".

"O vídeo é antigo, uma aula ao vivo do YouTube que foi retirada do ar para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos que possam se sentir ofendidos com a colocação", comunicou a empresa.

Entenda o caso

Evandro Guedes aparece em um vídeo ensinando alunos a fazer sexo com uma mulher morta. Não há certeza de quando a aula foi publicada, pois ela já foi excluída da plataforma do curso. Segundo a escola, a fala do fundador está "em total desacordo com as diretrizes da empresa".

Veja vídeo

"Imagina, filho, você que é virgem. Aí você passa num concurso de técnico de necropsia de nível médio. Aí você tá lá e vem uma menina do 'Pânico na TV' morta. Meu irmão, com aquele rabão e ela enfartou de tanto tomar bomba, enfartou na porta do necrotério", começou Guedes.

"E ainda avisa o cara que vai te render: cara, deixa que eu vou virar de plantão para você. E é o dia mais feliz da sua vida, irmão. É crime? É. Você mexeu com a honra do cadáver. O sujeito passivo do crime é o familiar da vítima", afirma Guedes, ao ironizar o sofrimento de um pai ao saber que a filha morta havia sido violada por um "cara de 19 anos, aluno do Evandro".

Para finalizar, Evandro ainda ironiza a pena para o crime vilipêndio de cadáver, afirmando que ela é "é desse tamanhozinho" (numa acepção de "pequena") e que "vale a pena responder".

PRONUNCIAMENTO

Após a repercussão, o ex-PM fez uma transmissão nas redes sociais e negou que tenha defendido o cometimento do crime. "Defendendo abuso de mulheres? Primeiro que, se ela está morta, ela não é mulher. É um defunto, não é uma pessoa viva. Ela não tem mais personalidade jurídica, porque ela morreu [...] Isso é uma ficção jurídica, é um exemplo", afirma. 

Evandro também disse que as pessoas não foram capazes de compreender sua atuação como professor de Direito Penal. E que suas ações naquela aula eram apenas "exemplos". Ele chamou os críticos de "burros" e corrigiu as alegações de estupro, dizendo que, na verdade, se trata de vilipêndio de cadáver.